Ao assistir ao triste espectáculo dos últimos meses e às lutas partidárias internas que se desenham e desenvolvem, concluo que, se tudo continuar como se vê, vamos ter marasmo e tristeza por muito mais tempo…
E por isso mesmo creio que o CDS tem agora a sua Grande ( e última ?…) Oportunidade.
E porquê?
Os media e a esquerda têm tentado diabolizar a “direita” e ainda mais a “extrema-direita” ( seja lá o que isso for…) associando-a à “exploração capitalista”, ao “esmagamento dos mais frágeis”, à “destruição da Natureza”, e malvadezas várias, sem critério, nem justificação…
Concluo que a primeira coisa que o CDS tem de fazer é expressar em palavras simples o que entende por “direita” e explicar que ela espelha sobretudo a realidade dos homens, e não a mirífica formatação num ideal desenhado por títeres.
Entender-se como Partido Conservador, que é o da natureza dos seus votantes e, também, embora o não percebam, de muitos e muitos portugueses
Ser conservador significa trabalhar com o homem como ele é e não o imaginar como alguém gostaria que fosse.
Assim o pensamento conservador retrata-se (como nos Evangelhos) em duas premissas simples:
- A liberdade individual é um valor a defender intransigentemente e necessário ao desenvolvimento humano, implicando que cada um tem os seus valores e a sua história;
- O Estado deve intervir o menos que possa, e sobretudo com pinças, em tudo o que seja Economia.
Ou seja;
Os Conservadores (as classificações entre “Direita” e “Esquerda” tendem a ser cada vez mais ridículas…) pretendem remeter para a esfera individual as decisões que moldam a vida, reduzindo leis que cada vez mais tendem a controlar e massificar o indivíduo, e possibilitando que cada um seja responsável pelos seus actos e que a Sociedade reconheça que é em cada um que está a sua riqueza.
Os Conservadores entendem que o Estado deve restringir-se, em primeiro lugar, ao que são as suas funções básicas: Fiscal, Administração Interna, Negócios Estrangeiros, Polícia e Defesa.
De seguida, o mesmo Estado, deve legislar e criar condições para que todos Cidadãos tenham acesso a cuidados de Saúde, de Educação, de Habitação, de Energia, de Comunicações, entendendo-se que estas vertentes não devem ser Estatais e sim Sociais, competindo à Sociedade organizar-se para as ter. Ora sendo que, na prática, isso já acontece muito, na verdade essa realidade – pela Esquerda – é escondida ou tomada como pecaminosa.
Um exemplo simples desta realidade: o facto de cerca de três milhões de portugueses recorrerem a Seguros de Saúde aliviando os Serviços Públicos das despesas que teriam com eles, não sendo falado e, pior, ignorado o facto de a maioria desses milhões estarem a pagar duplamente para os seus cuidados e em nada serem premiados por isso.
O Estado ao procurar suprir, por si próprio, todas estas vertentes sociais acabou por gerar um monstro que não controla e pouco serve.
O CDS, se não tiver medo de lutar tendo esta base, esclarece e não engana em quem nele votar. Mais: deve declarar que acredita que, desta forma, está, de facto, a melhorar as condições de vida de todos os Portugueses.
E deve fazê-lo de forma combativa e assertiva não dando lugar a argumentação que será sempre tortuosa e capciosa, garantindo que o seu postulado de uma Sociedade interveniente é a que melhor serve a População.
Isto corresponde a uma ruptura com o Regime actual que deve ser defendida e assumida, retirando essa bandeira a extremismos que berram mas não constroem.