O Chega não existe para governar, o Chega existe para contestar, para perturbar” – declarou António Costa a meio caminho da sala onde decorria a Comissão Nacional do Partido Socialista. Sim, o primeiro-ministro demissionário, com o seu partido a entrar numa disputa pela liderança em que precisamente os dois candidatos divergem na política de entendimentos, não achou nada mais importante que comentar um possível acordo entre o PSD e o Chega, com vista à criação duma maioria parlamentar.

O que pensará, por exemplo, António Costa sobre o anúncio de José Luís Carneiro de que viabilizaria um governo do PSD para desse modo impedir um acordo do PSD com o Chega? Não sabemos pois não só não o disse como também não lhe foram feitas perguntas sobre esse assunto. E sobre a repetição da geringonça defendida por Pedro Nuno Santos? Também nada.  Já sobre a possibilidade de um entendimento PSD mais Chega sabemos detalhadamente o que pensa António Costa: seria uma maioria apenas aritmética mas incapaz de assegurar estabilidade.

O Chega foi o treze no Totobola do PS. Porque como se vê neste caso concentra em si as atenções: António Costa não é confrontado com as opções do PS, enquanto explana de cátedra sobre o Chega e, não menos importante, sobre a possibilidade de outros governarem contando com o Chega.

Há meses que, numa reacção que nos remete mais para o bullying do que para a política, Montenegro se desdobra em declarações  em que declina “Com o Chega não”. Como se fosse um penitente logo se vê obrigado a repetir o esconjuro, com mais vigor e detalhe.  E assim sucessivamente porque nunca convence. Nunca é suficiente. Nunca é qb… Não interessa o que Montenegro tem a dizer sobre o país porque só conta o que disser sobre o Chega ou melhor sobre a sua rejeição do Chega.

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O maior problema da campanha para Luís Montenegro não é vencer o PS mas sim não ficar entalado entre um PS que o acusa de se ir aliar com o Chega e um Chega de que eleitoralmente falando está cada vez mais dependente para governar. Se não fosse trágico dava vontade de rir.

Como bem diz António Costa “O Chega não existe para governar”. Pois não. O Chega foi a grande aposta do PS precisamente para impedir o PSD de governar. E, acrescente-se, está quase a consegui-lo. Não só porque encurralou o PSD quando este está na oposição mas também porque mesmo que o PSD ganhe as eleições muito provavelmente acaba como derrotado ao não conseguir formar governo.

Não há nada mais arriscado que ignorar a realidade. O tempo não volta para trás. O Chega existe e tudo indica que irá ter uma votação com dois dígitos. Nenhum líder do PSD pode ignorar isso. No PS já o sabem há muito tempo e agem em conformidade.

Ps.

Naquele 7 de Outubro a imagem desta mulher, com as suas calças manchadas dava conta do carácter inaudito do ataque do Hamas. Haveríamos depois de vê-la, qual troféu, segura pelos cabelos. Perante isto Sayid Marcos Tenório resolveu humilhar a mulher, tanto quanto se sabe uma jovem de 19 anos. Assessor no parlamento brasileiro e vice-presidente do Instituto Brasil-Palestina  também já foi ou ainda é Vice-Presidente da Associação de Amizade e pela Autodeterminação do Sahara Ocidental – ASAHARA  e dirigente do Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta Pela Paz –  CEBRAPAZ. Ora acontece que Sayid Marcos Tenório não é um desconhecido em Portugal. Encontramos artigos seus no Esquerda.net. Sim, no Esquerda.net dos activismos, das causas e das denúncias que é o mesmo que dizer da extraordinária hipocrisia daqueles que gritam Palestina Livre e depois se curvam perante o despotismo e a barbárie apenas porque isso serve a sua luta contra o Ocidente e a democracia.