Desde a década de 90 que a Organização das Nações Unidas dispõe de um índice de cariz qualitativo que pretende enfatizar a qualidade de vida das populações em cada território em detrimento da precedente visão puramente quantitativa da medição do conceito de desenvolvimento.

Imaginemos os representantes dos países sentados a discutir e a analisar dados sobre a qualidade de vida, o crescimento económico e aspetos de cariz social dos seus países sem conseguirem definir quadros de comparação justa e equitativa.

Dando resposta a esta situação, Amartya Sen, investigador e economista das Nações Unidas, propôs uma teoria baseada no desenvolvimento humano, conduzindo assim ao PNUD, Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, que elabora um relatório comparativo dos países através de um índice denominado de IDH- Índice de Desenvolvimento Humano.

O Índice de Desenvolvimento Humano tem em conta três dimensões, o padrão de vida digno, a vida longa e saudável e o conhecimento, baseado em quatro indicadores principais: esperança média de vida, anos de escolaridade esperados e anos médios de escolarização e ainda o rendimento per capita.

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Isto parece tudo bastante complexo, não fosse o autor ter facilitado a vida de todos, transformando este Índice num indicador que varia entre 0 e 1, e onde cada país que se encontre mais próximo de 1 apresenta mais qualidade de vida aos seus cidadãos, ou seja, é mais desenvolvido.

A questão que se coloca agora é: quantas vezes a classe política se refere a este indicador? Qual das políticas em vigor tem em vista a melhoria do IDH de Portugal? Quais os partidos que realmente apresentam soluções para a vida dos seus cidadãos tendo em conta a realidade económica mas também a sustentabilidade da área social?

Portugal encontra-se na 36ª posição mundial (dados de 2022), com um valor de 0,866 numa categoria de desenvolvimento muito elevado. Ainda assim, atrás de vários dos seus parceiros europeus: Espanha, França, Grécia, Polónia, Estónia, Lituânia ou Chipre.

Não seria altura de medidas mais reformistas para fomentar a qualidade no acesso e prestação dos serviços de saúde? Não estamos num momento fulcral de investimento e desenvolvimento de políticas justas de educação com uma índole mais humanista e adequadas aos novos tempos das empresas e da inovação? Para quando um discurso político centrado no crescimento económico, mas que conduza a verdadeiro desenvolvimento humano?

As políticas sociais das últimas décadas deram poucos frutos ao desenvolvimento do país. Factos são factos, e Portugal, apesar de ter aumentado no Índice de Desenvolvimento Humano, tem perdido posições comparativamente com outros países que têm adotado políticas liberais focadas no crescimento e desenvolvimento económico.

Nas próximas eleições de 10 de março, gostaria de ver as propostas políticas trazerem este Índice esquecido para o debate político, porque só com medidas integradoras, reformistas, humanistas e liberais Portugal poderá dar o tal salto de gigante que há vários anos ambiciona.

Que se façam compromissos, que se construam alternativas, mas não se perca a oportunidade de trazer projetos e ideias para o país que está estagnado e com cheiro a mofo de tanto socialismo de trazer por casa.