Junho é mundialmente celebrado como “Mês do Orgulho” ou “Pride Month”, em homenagem aos motins de Stonewall ocorridos no final de Junho de 1969. Estes eventos, que tiveram lugar em Nova Iorque, são comumente vistos como o marco inicial para o movimento moderno de direitos LGBT.

Em 28 de Junho de 1969, a polícia de Nova Iorque fez uma rusga no Stonewall Inn, um bar reconhecido como um refúgio seguro para a comunidade LGBT. Esta incursão representou o clímax de uma longa história de perseguição policial à comunidade LGBT. Os frequentadores do bar, cansados da constante intimidação e assédio, resistiram à rusga, dando início a um motim.

Os protestos e motins prolongaram-se por vários dias, culminando na criação do primeiro movimento de libertação gay nos Estados Unidos. No primeiro aniversário dos motins, ocorreu a primeira Marcha do Orgulho LGBT em Nova Iorque, iniciando uma tradição anual que se difundiu pelo mundo.

Durante o Mês do Orgulho, realizam-se eventos em todo o mundo para celebrar a diversidade e a inclusão, além de defender os direitos e a visibilidade da comunidade LGBT. Isso inclui marchas do orgulho, festivais, workshops e eventos de sensibilização, entre outros. Apesar do Mês do Orgulho ser celebrado em Junho na maioria dos países, noutros locais a data pode variar devido a particularidades regionais ou históricas, como é o caso do Porto.

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O Porto Pride é o evento Pride mais antigo a norte do país, tendo tido a sua primeira edição em 2001. À época, realizado de portas fechadas e com cobrança de bilhetes, foi precursor da transformação da cidade, muito antes da primeira Marcha do Orgulho LGBTI+ da cidade que só ocorreu 5 anos mais tarde, em 2006, em resposta à trágica morte de Gisberta Salce Júnior, frequentemente mencionada apenas como Gisberta. Desde então, ambos os eventos, Porto Pride e Marcha do Orgulho, realizavam-se no mesmo dia, no primeiro ou segundo sábado de julho. Contudo, sem justificação pública conhecida, o Porto Pride cessou a sua atividade após o evento de 2012, realizado no Teatro Sá da Bandeira, representando durante anos uma perda para a cidade.

Em 2019, graças à VARIAÇÕES – Associação de Comércio e Turismo de Portugal, numa tentativa de reafirmar a importância de eventos Pride fora da capital e descentralizar, o Porto Pride retornou com uma organização reformulada. Passou de um evento privado, à porta fechada e com cobrança de bilhetes, para um evento gratuito e aberto ao público, realizado num espaço exterior da cidade. Este formato resultou num sucesso inesperado na edição de 2019, onde no dia 14 de Setembro passaram pela Praça de D. João I mais de 10 mil pessoas, quando a melhor estimativa era de 5 mil.

No entanto, com o surgimento da pandemia da COVID-19, o evento viu-se obrigado a ser adiado sucessivamente.

Em novembro de 2022, a renovada e dinâmica equipa do Porto Pride estabeleceu contacto com a CMP e a Ágora, comunicando a intenção de retomar o evento. Desde logo, houve uma receptividade e encorajamento por parte das mesmas, garantindo não só a continuação do apoio que assegurou o sucesso de 2019, mas também que para a edição de 2023 o mesmo seria ampliado e reforçado, devido à singularidade do evento e ao seu interesse estratégico para a cidade.

Graças a esse facto o Porto Pride, que este ano se realiza no parque da Pasteleira, será o primeiro em Portugal a ter 3 dias de programação, nos dias 7, 8 e 9 de Julho, onde um deles será totalmente dedicado a uma conferência de Direitos Humanos LGBTI+.

Esta singularidade do Orgulho no Porto tem justificativa, e é pertinente referenciar as suas duas principais razões.

A primeira razão, é a existência de um grupo crucial de pessoas e voluntários que ajudam o maior evento Pride do porto a se concretizar. Refiro-me à equipa do Porto Pride, que através da sua visão estratégica e resiliência, nunca permitiu que a causa morresse, mesmo durante uma pandemia. Durante esse tempo, ela não só manteve viva a chama do sonho, como também auxiliou a equipa da CMP em vários momentos na consciencialização sobre questões LGBTI+, por exemplo, na preparação da candidatura à Rainbow Cities Network (iniciativa aprovada em reunião do Executivo mas chumbada em Assembleia Municipal), bem como em 2022 foi fundamental na realização do primeiro hastear da bandeira arco-íris da cidade, que contou com a presença de vários vereadores eleitos, bem como o Presidente Doutor Rui Moreira. Em 2023, Rui Moreira reafirmou o seu compromisso com a defesa dos Direitos Humanos LGBTI+ e marcou presença novamente no hastear da bandeira pela segunda vez consecutiva.

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E é precisamente o Presidente da Câmara do Porto a outra razão (provavelmente a mais importante até). Rui Moreira representa uma liderança no Porto, Plural, Liberal e Democrata. Se houvesse necessidade de confirmar tais palavras, bastaria olhar para a transformação cultural que promoveu na cidade e que permitiu que se tornasse um polo de referência nacional e internacional. Mas também nas questões LGBTI+ o Doutor Rui Moreira demonstra o seu liberalismo e defesa intrínseca das liberdades individuais. A grande diferença é que o Presidente da Câmara do Porto não utiliza as mesmas para aproveitamento político.

De facto, foi precisamente durante o mandato do Presidente Rui Moreira que a cidade do Porto e a Câmara Municipal, pela primeira vez, realizaram:

  • O primeiro apoio oficial de um evento Pride, em 2019;
  • O primeiro apoio a uma Marcha do Orgulho LGBTI+ em 2021, tendo voltado a apoiar e reforçar esse mesmo apoio no ano seguinte;
  • A primeira cedência de espaços a três entidades que têm resposta para públicos LGBTQI+: Associação Plano I; UMAR ; Amplos;
  • A aprovação da criação do primeiro plano de ação para o Combate à Discriminação em razão da Orientação Sexual, Identidade e Expressão de Género, e Características Sexuais, através da renovação do Protocolo de Cooperação entre a Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género e o Município do Porto, com vista à elaboração do Plano Municipal para a Igualdade e não Discriminação (PMIND).

Rui Moreira tornou-se assim, para desgosto de muitos que tentam manietar a luta LGBTI+, o primeiro Presidente da Câmara Municipal a apoiar projectos, iniciativas e políticas LGBTI+ na cidade do Porto.

Antes de terminar, quero realçar a relevância do apoio das pessoas aliadas para a promoção dos Direitos LGBTI+ e referir o facto curioso de a pessoa que mencionei neste artigo, serem isso mesmo – pessoas que não são LGBTI+ mas têm a empatia e liderança para perceber que a cidade e o mundo ficam melhores quando podemos ser nós mesmos, em plenitude.

O Presidente Rui Moreira tem demonstrando uma característica rara na política, defende as questões LGBTI+ sem nunca ter o interesse de obter ganhos eleitorais ou políticos. Ele age porque, no fundo da sua consciência e com os seus valores liberais – que são uma característica da cidade e das suas gentes – acredita num Porto onde podemos ser nós em plenitude.

Deixo aqui um pequeno vídeo de uma reunião municipal de 2022, onde, em 2 minutos, se demonstra que há uma grande diferença entre o dizer e o fazer.

E o que é necessário nos dias de hoje é fazer.

É importante referir que, tal como o evento após Marcha do Orgulho LGBTI+ no Porto, o Porto Pride viu-se obrigado a sair do centro da cidade. As razões apresentadas pela autarquia à nossa equipa foram que devido às obras do Metro do Porto e grande pressão Turística no centro a autarquia não estava a permitir a realização de grandes eventos no centro da cidade. Algo que o Porto Pride desde o ínicio compreendeu, aceitou e trabalhou com isso, pois achamos que mais importante do que o local, é a afirmação dos Direitos Humanos LGBTI+ em todo o território, não só nos centros, mas também nas periferias.

Neste sentido, e após a denúncia da Comissão Organizadora no passado domingo, a equipa Porto Pride demonstrou total disponibilidade em fornecer o seu apoio logístico e espaço de agenda para a realização do evento após a Marcha do Orgulho.

Termino convidando-vos vir celebrar o Porto Pride nos dia 7, 8 e 9 de Julho no Parque da Pasteleira no Porto. Um evento gratuito, comunitário e plural!

 

Outgoing Curator dos Global Shapers Lisbon Hub, Diogo Vieira da Silva, Licenciado em Comércio Internacional, detém duas pós-graduações, um MBA Internacional e encontra-se actualmente a realizar um Mestrado sobre Turismo LGBTI+ na Universidade de Barcelona, com recurso a uma bolsa de estudo para talentos. Desde cedo se envolveu na promoção dos Direitos Humanos das pessoas LGBTI+, tendo ajudado a fundar duas ONG ‘s nesta área e assumido a Coordenação Europeia do Projeto Norte-Americano It Gets Better Project durante dois anos consecutivos. Co-fundador da VARIAÇÕES – Associação de Comércio e Turismo LGBTI de Portugal, é atualmente o seu presidente e faz a Coordenação da Campanha Proudly Portugal. Foi Curador do Ciclo de Conferências Fidelidade na Fundação Culturgest sobre questões de Diversidades e Inclusão e é actualmente Head of Press & Media da Embaixada de Israel em Portugal.