Há um país no mundo em que para uma maioria de cidadãos eleitores só o seu pai biológico ou adoptivo não lhes chega. Quando chegam a adultos dependem de um segundo pai que não lhes é nada nem quer saber deles. Nunca se conseguem emancipar desse pai que não é pai nenhum. Ficam sempre crianças obedientes. Há para eles mais que um verdadeiro pai, há um paizinho. Esse país é, claro, Portugal. Esse bizarro paizinho que não os desenvolve, mantendo-os infantis sem crescerem psicológica ou economicamente, é o estado português, obviamente. Os portugueses (muitos deles, principalmente os que votam PS) são, no mundo ocidental, dos povos menos independentes, menos empreendedores e reivindicadores, mas mais pobres e imobilizados pelo paizinho. Têm uma fé deprimente no pai estado, encarnado em certas figurinhas políticas que dão beijocas e abraços nos subúrbios, como Odivelas (apesar de viverem em Cascais ou Sintra). Isto tendo o cuidado, claro, de ter fotógrafos de jornais e câmaras de televisão por perto. Neste país até a maioria da imprensa quer viver do paizinho estado em vez de viver da informação. Os portugueses com mente socialista-marcelista lenta confundem autopromoção propagandística de políticos egocêntricos com amor paternal pela população. Isto apesar de tais paizinhos sempre desprezarem o povo nos atos, antes a favor de banqueiros corruptos do BES, construtores que lhes fazem favores nas PPPs rodoviárias e advogados dos negócios da TAP, amigos do peito deles.

Assim, muitos Portugueses, depois dos 18 anos, e mesmo aos 30 ou 60 anos, dependem e querem muito um paizinho estado que não é verdadeiramente o seu pai nem se interessa por eles. No entanto, aceitam tudo o que vem desse paizinho. Não questionam nada, incluindo os muitos confiscos fiscais, a troco de nada senão serviços públicos cada vez mais lentos, ineficientes e, muitas vezes, duplamente pagos através de taxas além dos impostos. Os portugueses infantilizados permitem ao pai estado todos os desaforos e ordens. Esse paizinho não os conhece de lado nenhum nem nunca os vai incentivar nem desenvolver como um verdadeiro pai faz, não tem qualquer relação de proximidade biológica ou afectiva para com os seus supostos milhões de filhos desesperados por um paizinho no qual depositam, incapazes de lutarem por si próprios, a sua esperança de felicidade e prosperidade económica.

Há gerações que não há qualquer reciprocidade paternal desse paizinho salazarista-marcelista-socialista de tanto amor filial vindo de incautos crédulos no pai nosso senhor estado. Este falso pai agora leva-lhes tudo em impostos e taxas para desperdiçar no enxame de ministros e assessores inúteis e incompetentes vindos da juventude socialista ou da sociologia. Isto além do esbanjamento em sucessivos e inexplicáveis negócios ruinosos, da ferrovia caduca à energia de grande risco, que em muito prejudicam os supostos filhos mas ajudam os amigos dos políticos. Não interessa. Os portugueses amam e idolatrizam conformados esse seu querido paizinho rosado e gordinho de corrupção. Pensam que esse paizinho falso estado lhes quer bem e lhes faz bem. Não percebem que os povos em que os cidadãos são adultos e responsáveis, fazendo por si, não dando nem esperando muito de tal paizinho (exceto em emergências de saúde, segurança ou desemprego inesperado) são na realidade mais prósperos. Conseguem comprar casas excelentes e ter bons salários e reformas, ao contrário dos pobrezinhos lusos, eternamente à espera da mesada pequenina, mas certinha, e mais qualquer coisinha. Sorriem por um eurinho que seja a mais, do paizinho, mesmo aos 50 e 70 anos. Isto enquanto tal paizinho vai desviando bazucas europeias para em vez de beneficiarem toda a população, irem para os amigos do coração.

Na maioria dos casos o paizinho estado português encarna em líderes políticos que não apresentam resultados nenhuns e mantêm o país pobre, nos últimos lugares da Europa. Foi assim no tempo dos nossos avós que viam em Salazar e Marcelo o paizinho deles. É assim hoje em dia com muitos portugueses a olharem embevecidos para outro Marcelo (afilhado do primeiro) e Costa, pensado que tem neles um paizinho que se preocupa muito. São bem amestrados há várias gerações de pobres. Não arriscam nada nem fazem nada que o paizinho não lhes diga para fazer e pensar.

O paizinho Costa diz-lhes que viramos a página da austeridade e eles acreditam, mesmo pagando mais impostos e com tudo mais caro no supermercado e nas bombas de gasolina. O Paizinho Costa mente-lhes também dizendo que temos o melhor SNS do mundo e eles acreditam, mesmo esperando por uma operação de ortopedia durante anos a coxearem, quase de cócoras, sem poderem andar direitos.

O paizinho Marcelo para se promover beija uma grávida ou abraça uma vítima de um fogo e os portugueses acreditam que ele está a abraçar tais pessoas com amor paternal e, mais que isso, que está a abraçar todos os Portugueses. As grávidas continuam sem obstetras, as vitimas do fogo morrem sem indemnizações pelos cambalachos e desperdícios inexplicáveis nos helicópteros Kamov ou SIRESP, onde nunca há responsáveis pois a lenta justiça está controlada por políticos para que tudo prescreva. O dinheiro dos contribuintes vai a jorros de milhares de milhões de euros para o Novo Banco vender imobiliário aos amigos abaixo do preço de custo, cortesia do uso que os nossos políticos dão aos nossos impostos. No entanto, os Portugueses acreditam mesmo que tem um paizinho bom que adoram embevecidos encarnado no Costa ou no Marcelo que cuidam é dos grandes amigos que cuidam deles. O Costa tem amigos como o Lacerda que lucrou com a TAP. O Marcelo quer é saber de amigos como o Salgado no Espírito Santo. No entanto, os pobrezinhos portugueses acreditam que são guiados por paizinhos escrupulosos e com preocupação pela população ingénua que vota nestes padrastos sem coração senão pela devoção aos amigos. Uma tradição iniciada, claro, por um anterior paizinho do povo, Sócrates, que tinha um grande amigo Silva.

Tudo Isto é estranho e uma triste sina lusitana. Na maioria dos países do mundo pai só há um, o nosso pai e mais nenhum. No mundo ocidental esse pai pode ser o pai biológico, o pai adotivo ou uma “figura paterna” nas palavras politicamente corretas de Obama para acomodar os cada vez mais variados géneros e situações familiares. No entanto, normalmente é uma pessoa que nos é próxima e nos conhece e que na maioria dos casos se preocupa connosco por laços biológicos, afetivos ou de responsabilidade. Com sorte o pai verdadeiro é uma pessoa que admiramos, que nos inspira e que procuramos imitar e ultrapassar para melhorar a cada nova geração. Este é o caso do pai do autor destas linhas. Por isso não preciso nem quero mais nenhum pai se não o meu de quem gosto muito. Como sou adulto, para além de manter a amizade e o afeto, ou ajuda apenas em casos de grande emergência, não espero que ele faça muito mais por mim do que já fez quando eu era criança e adolescente e precisava dele. Espero que esse seja o caso com muitos dos nossos leitores também.

Infelizmente muitos dos nossos compatriotas não conseguem desligar-se desse outro paizinho que não os desenvolve e os mantém crianças, o estado português. Estão sempre a pedir colinho ao estado mesmo aos 25 anos não tendo consciência do ridículo e perverso que é ver um homem ou uma mulher na flor da vida e com boa mente e braços para trabalhar, a querer colo de um falso paizinho. Claro que os jovens mais independentes e dinâmicos que não precisam nem querem um paizinho como o estado português que os maltrate, tudo lhes tirando sem nada lhes dar, emigram. Vão para onde não há paizinhos padrastos desses socialistas-salazaristas-marcelistas. Não estão para sustentar um falso pai estado, velho e inapto, que mente dizendo que os sustenta, mas trata é dos amigos, misturando a política e os nossos impostos com vícios e negócios privados. Num país normal e evoluído, onde o PS não tenha maioria absoluta, a necessidade de colinho paternal é só para crianças pequenas.