As palavras possuem um forte impacto sobre as nossas emoções. Nessa sequência podem desencadear determinadas reações, fazer tomar determinadas decisões, e por vezes, até levar a mudar o curso da nossa vida.

Pensemos nas palavras de encorajamento como motivam e dão força para  andar para a frente, nas palavras de conforto que consolam e suscitam um sentimento de segurança, nas palavras de amor que enchem a alma, ou por outro lado, as palavras de escárnio que magoam, as de ameaça que provocam medo e recuos, os insultos que suscitam zanga e destroem os vínculos.

Quantas pessoas relatam que ouviram determinada coisa de alguém e aquilo o fez avançar ou recuar completamente em dado momento da sua vida. Uma palavra ou uma frase que ecoa, ressoa e provoca no outro pensamentos em série.

Também dá-se o caso de serem guardadas palavras que se repescam em algumas ocasiões. Estão no canto da memória, e  de tempos a tempos, são evocadas. Enquanto adultos lembramo-nos de palavras da infância, que a mãe, o pai, a avó, o avô diziam. E como ficam gravados tais dogmas e colados à pele psíquica! Ecoam como baluartes e funcionam como mandamentos conduzindo nossos valores e escolhas ao longo de vida. De forma consciente e/ou inconsciente.

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A interpretação que damos às palavras que ouvimos é crucial. Por vezes, pode levar a mal-entendidos. Pensemos, por exemplo, nas confusões decorrentes de algumas trocas de mensagens. A confusão que se gera pelo modo como ouvimos, à nossa maneira, e depreendemos um sentido diferente daquele que as proferiu. Também a carga que damos a certas palavras pode deturpar o entendimento das mesmas quando usadas entre interlocutores que atribuem diferentes ressonâncias ao sentido latente dos adjectivos. Adensam os alvoroços comunicacionais quando assentes em jogos metafóricos. Se, para alguns bons entendedores meias palavras bastam, para outros, poucas ou muitas palavras causam imenso ruído e rumor.

Como é bom quando encontramos alguém que fale a nossa língua. Que entenda o idioma do nosso sentir semântico. A base desse entendimento trará profícuos diálogos. Acrescentará a compreensão mútua e a ligação empática.

Nem sempre temos atenção com as palavras que usamos para nos expressar. Não temos de adoptar uma postura hipervigilante e pouco espontânea mas devemos considerar, em alguns contextos, o impacto que podem ter nos nossos ouvintes. Pensar antes de falar é prudente sobretudo por isto. Ter esta noção é relevante para cuidar dos outros com devido respeito. Não é necessário pactuarmos de palavras concordantes, mas considerar que aquilo que dizemos tem poder e afecta certamente o receptor.

Não há propriamente boas nem más palavras. Há bons e maus entendimentos. Claras e imprecisas percepções. Abertos e fechados diálogos. Boas e más conversas. Proveitosas e desgastantes relações.