Dediquei os últimos 10 anos da minha vida, entre outras coisas, à intervenção cívica e pública, com o olhar colocado na política, na Economia e no mundo, filtrado por uma orientação claramente liberal. Procurei que fosse uma intervenção independente, crítica e apartidária e estou convencido que o consegui.
Essa intervenção teve como faceta mais visível o conjunto de crónicas que fui escrevendo no Diário Económico, primeiro, no Jornal Económico depois e, nesta última fase, aqui no Observador. É a recolha de alguns desses textos que compõe o livro “Da Troika à Geringonça”, que apresentei há três dias e que marca o fim deste ciclo da minha participação mais activa e pública na vida política portuguesa.
As razões que sustentam o nascimento desse livro expliquei-as no lugar próprio: “é o resultado de alguma solidão, uma vontade de participar na polis, uma pitada de revolta e, não escondo, uma forma de dar às vezes umas boas gargalhadas quando a realidade (não raras vezes) ultrapassa o imaginável. A solidão que confessei em alguns textos e ainda hoje persiste vem de longe, do distante 2011, aquando do início do Governo de Pedro Passos Coelho, no qual detectei traços indeléveis e surpreendentes de uma orientação pouco liberal (apesar do que por aí se disse em sentido contrário). A solidão a que me refiro tem a ver com um posicionamento liberal que esperei sempre ver chegar à praxis política portuguesa de forma aberta e assumida, (uma solidão política) e que também nunca encontrei solidamente reflectida, com honrosas excepções, na sociedade civil (esta é uma solidão cívica). Entendi, por isso mesmo, ser minha obrigação de cidadão comentar a actualidade económica e política portuguesa e europeia a partir de um filtro liberal, que é o meu — primeiro no Diário Económico, depois no Jornal Económico e finalmente no Observador”.
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