Um desastre natural provoca sempre uma reação maior ou menor de acordo com a importância ou dimensão do mesmo e a relação com os que o sofrem, assistem, participam ou tomam conhecimento.

As catástrofes naturais correm o mundo e alarmam todo o planeta, pois o que hoje acontece na Ásia pode amanhã acontecer na Europa, África ou América e quase sempre sentimos um sentimento de impotência perante a sua possibilidade.

Grande parte destes desastres naturais podem ser combatidos, atenuados ou até prevenidos com medidas prévias de correção e ajustes à atenuação dos seus efeitos, desde fogos, cheias ou deslocamentos de terra.

O sismo é um fenómeno geológico provocado por roturas com origem em falhas que sabemos existirem em determinadas zonas da crosta terreste, são de impossível previsão, ou calculo da sua intensidade e consequências dos seus efeitos diretos e secundários, podendo ser desde de insignificante dimensão, sem causar qualquer tipo de dano ou prejuízo, ou devastadores, arrasando cidades e causando muitos milhares de mortos.

No entanto conhecemos os fatores que os provocam e as zonas do planeta mais suscetíveis da sua ocorrência e isso não sendo nenhuma garantia pode alertar para as geografias com maior probabilidade de se verificarem sismos, e a necessidade de antecipadamente se tomarem as medidas preventivas de resistência sísmica, no edificado e nas infraestruturas críticas.

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A repetição deste fenómeno também é imprevisível podendo ocorrer no dia seguinte, meses, anos ou milénios depois.

A escala para medir a magnitude dos terramotos foi inventada por Charles Richter e não tem nem limite inferior nem superior mas a os terramotos detetados tem tido entre o 0 e perto dos 10 valores desta escala

O maior terramoto registado ocorreu no Chile com 9, 6 da escala de Ritcher o que corresponderia a um milhão de bombas atómicas como a lançada pelos americanos em Hiroshima durante a Segunda Grande  Guerra Mundial.

Portugal é regularmente atingido por fenómenos sismológicos, o maior dos quais, pelo menos o que teve repercussões em todo o mundo, ocorreu em Lisboa destruindo grande parte da cidade e tendo igualmente efeitos devastadores noutras zonas do país, nomeadamente no Algarve.

Portugal relativamente à construção de edifícios e infraestruturas tem desde 1958 ampla legislação sobre as obrigações relativas à resistência sísmica, regulamentação que tem vindo a ser melhorada com novas portarias e decretos lei.

Desde 2008 que as obras de reconstrução remodelação e ampliação de urbanizações e edifícios são obrigadas a apresentar um relatório de vulnerabilidade sísmica e projetos para a contornar se existir.

Um edifício construído hoje, cumprindo todos os requisitos de resistência sísmica não estará  100% a salvo  de risco sísmico se o mesmo for de grande intensidade, por exemplo acima de 9 da escala de Ritcher, mas os danos serão muito menores.

Mas tendo legislação será que a fiscalização da construção e do cumprimento dessas regras existe, de forma eficiente?

No último grande sismo ocorrido na Turquia, que julgo ter legislação sobre a matéria viram-se edifícios aparentemente da mesma época, uns sem qualquer dano e outros muito perto daqueles totalmente destruídos.

Sabemos que em Lisboa uma parte do edificado está muito vulnerável ao risco sísmico mesmo muitas construções do século passado anteriores a 1960 correm graves riscos se não corrigida a sua resistência.

Tive oportunidade de enquanto deputado municipal e presidente das comissões de Habitação, Urbanismo e Reabilitação Urbana da Assembleia Municipal de Lisboa propor, depois de várias conversas com especialista, nomeadamente engenheiros membros da Sociedade de Engenharia Sísmica, a criação de um Certificado de Resistência Sísmica à semelhança do atual Certificado Energético  com obrigatória  apresentação em  todas as transações ou contratos de aluguer imobiliários, que teria vários graus de acordo a vulnerabilidade e resistência  sísmica.

A obrigatoriedade deste Certificado de Resistência Sísmica podia diminuir o valor de alguns imóveis, mas obrigava a que o parque imobiliário fosse reavaliado e protegido. Quem comprasse ou alugasse estaria mais seguro. Igualmente teria reflexo nos seguros obrigatórios.

A proposta não teve seguimento.

Um terramoto não tem data, mas todos sabemos que pode acontecer em qualquer momento.

O problema é que a emoção só existe quando o facto acontece perto ou longe de nós, mas rapidamente se esvai na memória do tempo.

Que passem muitos séculos sem que a terra trema de forma violenta em Lisboa ou no resto do País.