Fui membro da IL, deputado municipal por esse partido e seu conselheiro nacional. Fiz campanha, envolvi-me na elaboração de programas eleitorais e pertenci ao seu gabinete de estudos.
Acreditei que o projecto “o liberalismo funciona e faz falta a Portugal” passava pela existência e robustecimento de um partido liberal. Pela existência e robustez da Iniciativa Liberal!
Um partido liberal que incluísse (quisesse e soubesse incluir) todas as tendências do liberalismo. Dos libertários aos liberais sociais, incluindo todas as restantes matizes do ideal liberal.
Entretanto, com o crescimento do partido, em vez da defesa de um projecto ideológico, este parece ter caminhado no sentido da edificação de um projecto de poder pessoal, de grupo e/ou de facção. Para tal, foi identificado um “inimigo interno” (nas suas palavras os “atuns”, liberais clássicos ou lista B) e cerradas fileiras num exercício de ostracização e exclusão daqueles assim classificados e, por arrastamento, de todos os que, de alguma forma, se mostrassem não alinhados com o poder instituído.
Externamente, foram passando os sinais do “liberalismo em toda a linha” que incluiu a aprovação da lei da eutanásia (sem qualquer alteração após o veto e sugestões do PR), o voto favorável em sede parlamentar à proposta do PS sobre a autonomia de género nas escolas (a começar no primeiro ciclo), a abstenção à proposta do BE no mesmo assunto e, ironia das ironias, a abstenção a uma proposta do PCP para monitorização do discurso de ódio nas redes sociais (ou, nas minhas palavras, o regresso da censura). Assim, retirando a parte fiscal e, de alguma forma, a económica, a IL passa a imagem de um partido que abraça as causas da esquerda urbana e populista, distante do que considero ser a sua base social de apoio.
Cada dia que passa, mais nítida fica a imagem de que a diferença entre a IL e o BE é irrelevante, não passando de os primeiros saberem (e gostarem de) fazer contas… E isto é uma caricatura do liberalismo como o entendo, ou seja, ao lado do indivíduo contra o colectivismo e contra o identitarismo.
Este partido, no rumo que decidiu tomar, tornou-se, na minha opinião, pernicioso, ou no mínimo contraproducente, para a difusão do ideal liberal em Portugal. Nas palavras de alguém, os liberais portugueses do século XIX mataram o liberalismo em Portugal para 100 anos e, no meu entendimento, a IL corre o risco de o matar para os próximos 100!
A solução que preconizo?
Fazer tábua rasa sobre o conceito de ser esse partido a única “casa dos liberais portugueses” (jargão auto-publicitário) e, aproveitando a oferta partidária existente da direita ao centro-esquerda (do Chega ao PSD), criar ou fortalecer a difusão dos ideais liberais no seu interior, pugnando pela inclusão ou reforço de medidas liberais e liberalizantes nos seus programas partidários e eleitorais.
A luta é cultural e a IL actual parece ter cedido à cultura da esquerda populista! Espero que não seja irreversível…
Eu, liberal conservador, tudo farei para me manter firme neste combate, distante do populismo de esquerda e sempre por Portugal e pelos portugueses!