A IKEA, como em muitas outras questões, está sempre um passo à frente. Já veio dizer, preto no branco, que vai abolir todos os produtos de plástico de single-use das suas lojas e restaurantes em 2020. Todos.

Palhinha, pratos, copos, sacos de gelo, sacos de lixo, plástico a cobrir produtos de papel e cartão, entre outros, têm os dias contados na IKEA.

Mais, em 2020 estará a comprar 100% de energia renovável e só usará materiais reciclados nos seus produtos. Adicionalmente, em 2025, irá fazer entregas com zero emissões em casa dos clientes. Neste momento há mais de 750.000 painéis solares nos edifícios da IKEA. Estão em planeamento e implementação 416 torres eólicas próprias. “Através da nossa dimensão e cobertura geográfica temos a oportunidade de inspirar e alavancar mais de 1 bilião de pessoas a viver vidas melhores dentro do planeta”. Foi mais ou menos esta a expressão usada pelo CEO do grupo aquando da comunicação destas metas no ano transato. Grandes objetivos, grande compromisso, como só uma grande empresa, que lidera também pelo exemplo, consegue.

Efetivamente, o plástico apresenta baixo custo produtivo e uma imensidão de utilizações e tornou-se num dos materiais mais populares do mundo. Os seus usos multiplicaram por 20 nos últimos 50 anos e espera-se que dupliquem nos próximos 20 anos. Em 1950 produziram-se 2 milhões de toneladas de plástico por ano. Entre 1950 e 2015 a produção acumulada foi de 7.8 biliões de toneladas de plástico o que dá mais de uma tonelada de plástico por pessoa viva atualmente.

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Neste momento, por exemplo, o fluxo de plástico anual é já superior à produção anual. Em 2010 assistimos a cerca de 300 milhões de toneladas de produção de plástico e, no mesmo ano, a um valor superior em 5-10 milhões de toneladas (310 milhões, estimados) de fluxo de plástico (plastic stream).

O desperdício de plástico no mundo, por pessoa e dia, está a atingir proporções alarmantes em muitas partes do globo. Só para dar um exemplo, em Portugal este número (plástico em desperdício) está perto dos 0,3 Kg de plástico por pessoa e dia.

Os custos ambientais são incomensuráveis. Todos os estudos apontam para que haja mais plástico do que peixe (em peso) nos oceanos em 2050. Com a grande desvantagem de o plástico ser de baixíssima reutilização, nomeadamente quando comparado com outros materiais: apenas 14% do plástico é recolhido e reciclado. O papel já vai nos 58% e o ferro e o aço em 90%.

A Comissão Europeia, por exemplo, já anunciou que pretende banir 10 artigos de plástico que representam cerca de 70% de tudo quanto anda pelos oceanos, em particular as águas territoriais e praias da UE. Será uma grande ajuda.

Porém, do total de plástico produzido anualmente, cerca de 380 milhões de toneladas por ano à data de hoje, metade são plástico single-use e nem sempre fácil de banir. Mas são necessários esforços redobrados para que isso mesmo possa vir a acontecer.

E veja-se que, em paralelo e on top of this, cerca de 9 milhões de toneladas de plástico são lançados nos oceanos a cada ano com efeitos absolutamente devastadores. Alguns dados sobre plásticos flutuantes à superfície do Oceano podem apenas revelar a preocupação que devemos ter e o esforço requerido a todos.

Se atendermos a que cerca de 50% do plástico só é usado uma vez e, logo depois, atirado fora, e que a maior fatia de plástico pertence aos sacos e embalagens, com cerca de 40% do total de plástico, percebemos por onde devem começar esforços mais direcionados. Mais, anualmente cerca de 500 biliões de sacos de plástico são usados no mundo inteiro. E mais de um milhão de sacos de plástico é usado a cada minuto. Com a triste conclusão de que um saco de plástico tem uma vida útil média de trabalho de cerca de 15 minutos.

Em paralelo aos sacos de plástico aparecem as garrafas de plástico, sejam com água sejam com tudo o mais que bebemos ou usamos. Por ano e em 2021 o número de garrafas de plástico representará meio trilião. Um milhão de garrafas de plástico são compradas a cada minuto no mundo e este número irá aumentar 20% no final de 2021.

Tudo somado temos grandes desafios pela frente. Desafios em termos comportamentais e desafios de limpeza para as populações no global. Desafios de reciclagem e de produção para a indústria no geral. A verdade, nua e crua, é que precisamos mesmo fazer qualquer coisa.

E se as palavras pouco podem dizer talvez algumas imagens sejam ilustrativas, como este vídeo do Observador ou a história deste advogado.

Uma capa da National Geographic é particularmente sugestiva e de bom gosto na liderança deste movimento que nos deve envolver a todos: “Planet or Plastic? 9 million tons of plastic waste ends up in the ocean every year. Chose the planet!