Porque é que muitas pessoas permanecem no chamado espectro da mediocridade? Certamente conhece imensas no seu círculo de amigos, conhecidos ou colegas, que reúnem um conjunto de características que fazem com que os caracterize como “medíocres”.
Muitas pessoas nunca vão sair da mediocridade, porque o salto é demasiado pesado e exigente. Como resultado, a maioria das pessoas que conhecemos vivem o seu dia-a-dia num compasso de espera a spammar pessoas que invejam, e os pensamentos que ocupam os seus dias, contrariando o desejável, são: “eu tenho que te superar!”, “eu tenho que ser melhor do que tu!”.
Nos seus melhores sonhos, aposto que deseja ter 100% de independência financeira, ter o seu próprio negócio, viajar sem limitações.
Existe uma expressão extremamente interessante e da qual gosto imenso: “As pessoas só vão ser verdadeiramente bem-sucedidas nas coisas nas quais se permitirem a falhar” (Mark Manson). Quantas vezes rejeitamos um desafio porque achamos que não estamos à altura do mesmo? A questão é que só saberemos, se arriscarmos!
Se nunca arriscou rumo à novidade, lamento desiludi-lo, mas ao levantar-se de manhã, ao olhar-se ao espelho todos os dias, rumo ao seu trabalho rotineiro, você é um medíocre.
Aos olhos de quem não arrisca, se essas pessoas falham numa tarefa ou num desafio, isso implica diretamente que eles são falhados totais, porque associam sempre o seu valor à sua performance e, então, subestimam-se constantemente e acham sempre que nunca são bons o suficiente. E é precisamente por isso que permanecem sempre na mediocridade! E quem não se permite a falhar, jamais se permitirá aprender continuamente e a desenvolver skills novas adicionando valor a si e aos que o rodeiam.
Atenção que há uma diferença muito grande entre ser-se medíocre e ser-se humilde: podemos ser humildes e humanos, mas sermos 100% conscientes do nosso valor.
Outra expressão de que gosto muito: “A fórmula do sucesso é muito simples: triplica a tua taxa de falha” (Thomas Watson Jr.)
Para sermos extraordinariamente bem sucedidos temos que falhar, muito!
Quando eu comecei a escrever para o Observador e no Linkedin estava com um medo terrível dos comentários negativos. Cheguei a ter pouquíssimas interações. No entanto, alguém me lembrou de uma frase que ainda hoje é muito especial, “Não ambiciones elogios, ambiciona a crítica” (Benjamin Hardy)
Só a crítica nos faz crescer e evoluir!
E porque comecei a escrever mais? Pelo foco (e paixão)!
Pessoas medíocres focam-se noutras pessoas, pessoas bem sucedidas focam-se no seu propósito. O tempo que passa a invejar os outros é o tempo que perde a não investir na construção da sua jornada de sucesso.
Há pessoas que falam sobre pessoas. Eu procuro falar sobre negócios e sobre o que move as pessoas e compreendê-las, ou procuro compreendê-las e invisto em mim todos os dias. A maioria das pessoas escolhe a procrastinação, ao invés da aprendizagem e do investimento no crescimento contínuo.
Porque é que repetimos constantemente uma tarefa banal, como jogos fáceis ou navegar nas redes sociais, mas não investimos em repetir hábitos difíceis e extremamente exigentes e desafiantes do ponto de vista intelectual? Pelo tédio e aborrecimento, e é por isso que poucas pessoas são realmente boas e poucos têm “um dom” em algo.
Quando algo é “difícil” as pessoas desistem. E é por isso que a maioria das pessoas jamais evolui.
Outra tip de mediocridade: não procure títulos de CEO, Entrepeuner, PhD ou Investor. Procure a experiência, a aprendizagem e o que pode (e onde) aplicar a riqueza que traz de todos os erros que cometeu. Isso é sucesso! Caso contrário, não passará de um eterno insatisfeito.
Permita-me que lhe coloque a seguinte questão: costuma arriscar com frequência? Costuma permitir-se errar? Se a resposta é não (e se julga estar sempre certo, aguardando sempre pelo prémio fácil), então lamento desiludi-lo, mas você é medíocre.
Alguma vez recusou dar o salto (e não o deu, efetivamente), pelo medo de perder o conforto do lugar onde estava e de perder as regalias que tinha, tendo que caminhar novamente pelas pedras do percurso, até “construir novamente um castelo”? Não o faça! Arrisque. Os títulos são temporários, mas: “As pessoas podem não se lembrar exatamente do que você fez, ou do que você disse, mas vão sempre lembrar-se de como você as fez sentir.” (Maya Angelou)
Quando falhamos, permitimo-nos crescer e evoluir.
Aceita facilmente que falhar é, de facto, a receita do sucesso? Fantástico! Porque, sim, as pessoas que mais falham são as que mais constroem camadas sobre camadas de aprendizagem (e de humanidade), e só estas conseguem evoluir, crescer e manter um espírito de melhoria contínua, espírito crítico, empatia, mente aberta e tolerância.
Permite ao seu filho que este falhe? Sujar-se? Apanhar chuva? Que se insurja contra injustiças? Ter as suas próprias crenças e as suas próprias escolhas individuais?
A escola sempre foi, na minha ótica, um combo entre pais (família) + instituição + alunos + professores. Quando, no meu artigo anterior, refiro que a liderança começa na educação de berço, como podemos esperar que uma criança prospere, quando, por exemplo, a mãe (ou o pai) lhe impinge certas doutrinas, proíbe certos comportamentos e decide banir aquelas que são as liberdades e direitos fundamentais para o crescimento 100% saudável, ao nível intelectual, físico e emocional da criança?
Acredito que há pais que, no insucesso dos filhos, aproveitam para culpar as escolas, “sacudindo a água do capote”, não repensando as suas próprias escolhas e pensando de que forma essas podem ser um reflexo no insucesso escolar, bullying e desinteresse das crianças na aprendizagem. A mediocridade dos pais traduz-se muitas das vezes num umbiguismo tal que é quase crónico.
O que faz um líder? O que faz um falhado? O que faz um trauma? O que faz um medíocre?
É tempo de nos interessamos mais pela psicologia comportamental das crianças, entendermos as escolhas profissionais dos adultos e, também, perceber o impacto que as escolhas, comportamentos e desvios comportamentais dos pais, familiares e professores podem ter no caminho futuro dos jovens – porque eles são o nosso futuro.
Quando existe mediocridade em casa, haverá sempre mediocridade nos alunos. Quando existe mediocridade na mentalidade dos professores, que não permite que os alunos possam discordar das suas ideias, ter espírito crítico, experimentar, criar e explorar, nunca as escolas conseguirão preparar jovens civilizados, interessados e os líderes do futuro.