No dia 24, apesar da aparente falta de conhecimento das televisões generalistas, os portugueses votam para as presidenciais. É verdade, elege-se o Presidente da República e não os deputados do Parlamento e o Primeiro-Ministro, como diria o português comum (e não de “bem”) ao visualizar qualquer dos debates até agora realizados, dada a índole das questões colocadas aos candidatos.
Se o vencedor parece garantido e a reeleição uma mera formalidade, acredito que o voto daqueles que se posicionam à direita, tal como eu, esteja longe de o estar. Mas, afinal, o que é hoje a direita? Ou melhor, o que é ser de direita? O perigo que atualmente vivemos, a que assistimos, mas acabamos por relativizar, está na insistência na polarização, que me faz trazer de volta o célebre discurso de Vasco Gonçalves, em 1975, em pleno PREC. Dizia-nos o antigo Primeiro-Ministro, que “ou se estava com a revolução” ou “se estava contra a revolução”. Não será exatamente a recusa da existência de um meio termo entre “estar com a revolução” e ser de “esquerda” e “estar contra a revolução” e ser de “direita”, a resposta para a nossa realidade? No mínimo, dá que pensar.
Assim, este ambiente de crispação levou-me, nos últimos tempos, a uma busca incessante pela descoberta da direita que me representa. Confesso que não é um trabalho fácil, mas que considero absolutamente necessário a qualquer jovem, que, tal como eu, vai poder votar pela primeira vez. Esta semana, mais do que nunca, a resposta foi Marcelo, naquilo que fez lembrar uma oral de Direito entre o professor catedrático e o aluno insubordinado, que ousou afirmar que França tinha um regime presidencialista.
Para azar dos Távoras, André Ventura estava perante um dos maiores constitucionalistas portugueses. O Presidente da República voltou a fazer-me lembrar da direita em que também acredito e que tem andado adormecida para os lados de São Bento. Para os mais céticos, não teve medo em afirmar que era de direita, sim, mas da que une e não da que divide, da que inclui e não da que despreza e, principalmente, da que não distingue os “puros” dos “impuros”.
É esta a direita que me representa, a direita que não tem medo de afirmar também como seus muitos dos valores que são, invariavelmente, associados à esquerda. A direita que se assume como defensora dos desprotegidos, mas que não faz destes sua propriedade exclusiva. A direita que é verdadeiramente liberal e democrática, não por ser “amiga” da esquerda, como é costume dizer-se pelos lados da direita “do medo”, mas, sim, porque acredita genuinamente que não é através do ódio irracional ao adversário que se alcançará um país melhor para todos os portugueses.
Sobretudo, Marcelo ganha o meu voto porque interpreta o papel de Presidente da República expresso na Constituição como mais ninguém até agora o tinha feito. De facto, conhece-a como poucos e, quando assim é, torna-se tudo mais compreensível.
Porquê Marcelo? Porque me orgulho de ter um Presidente que é, sem vergonha, de todos os portugueses e luta para que um dia possamos todos, conscientes das nossas diferenças, encontrar-nos num café e falarmos uns com os outros, tal como faz Marcelo connosco.