Há quanto tempo sonhamos vencer o indolente e indigente regime pastelão que nos afasta do padrão de vida do resto da Europa e nos empobrece à maioria dos cidadãos e empresas? A cleptocracia julga que jamais será vencida e que só a nossa abstenção vai continuar a aumentar sem os reformar. Bem unidos fizeram uma terra com amos políticos sem ideologia que não o próprio umbigo, fingindo que são de “esquerda” e que há almoços grátis vindos da Europa, apesar das contas e dívida aumentarem sempre. Na bizarra internacional deste regime, vivem em união nacional com comentadores nos media que os propagandeiam como “campeões” da Europa, incluindo um que se tornou presidente gracejando ser de “direita.” O custo desta brincadeira regimentar é nas empresas a sério pagarmos o dobro de impostos que na Irlanda e o nosso salário ser um quarto do dos irlandeses. Só na TAP, familiares e amigos “pro bono” do tipo “paraministros” destes políticos custaram-nos recentemente 1000 milhões €.

Até quando políticos ilusionistas abusarão da nossa carteira de cidadãos e asfixiarão a competitividade de verdadeiras empresas que queiramos cá criar ou atrair? As duas principais figuras deste regime são pasteis lentos, que não evoluíram com os tempos, incapazes de qualquer reforma. O pastelão em São Bento, preguiçoso sem qualquer visão ou desígnio nacional, limita-se a intoxicar-nos com o seu desafio da canela: quer testar quanta propaganda mais sobre as supostas maravilhas dele ingeriremos apesar de só 19 em cada 100 portugueses terem votado poucochinho em Costa. O amigo que ele apoia para a Presidência sem consultar o partido, outro pastel, o de Belém, tem excesso afetuoso de inútil açúcar. Isto e a manteiga fora de prazo da lisonja mediática para com eles, faz destes dois pasteis intragáveis a receita do regime obeso e diabético, sem querer medicação nem emagrecer; a fugir das reformas. A terceira figura, Ferro, encarna soberbamente os pecados deste regime doente: incompetente e prepotente, com gula insaciável por subvenções e demais luxurias excecionais para políticos. Uma longa e bela vida a viver de nos taxar sem nos representar, nem nunca termos votado nele. É sempre escolhido pelos amigos do regime para tudo, precisamente por nunca fazer nada pelos portugueses.

Salazar, para nos distrair que andando o Espírito Santo a desviar do estado, ou éramos pobres e mal pagos ou tínhamos que emigrar, entretinha-nos na TV com fado, futebol e Fátima. Agora, este regime já mais velho que o antigo, mas com os mesmos resultados do fundo europeu, censura e mesmas “elites” a viverem dos nossos impostos, entretêm-nos na TV a apanhar os gambuzinos entediantes Trump, Bolsonaro e causas da moda. Ao menos os gambuzinos dantes eram culturais, desportivos e espirituais.

Para a “esquerda” ou “direita” do regime quem tem a culpa de sermos dos cidadãos e empresas mais taxados, precários e mal pagos da Europa, não é a incompetência ou ganância deles, mas Trump e Bolsonaro. Tais “elites” políticas e jornalísticas fustigam-nos com notícias e comentários incessantes sobre os defeitos dos presidentes dos outros, mais causas politicamente corretas copiadas dum jornal inglês; se há segunda-feira o Guardian falar do sexo dos anjos, na terça há lei sobre isso no parlamento português. Só querem discutir assuntos alienados das preocupações reais dos portugueses. Tudo menos debater na TV as implicações do nosso Presidente passar férias com o amigo Espírito Santo Salgado no Brasil e que esse já nos custou 10 milhares de milhões de euros. Nunca discutem a dezena de contratos com o Estado do irmão do Presidente ou a centena de contratos de familiares de governantes.

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Para onde vão os nossos altos impostos? É o Trump ou o Bolsonaro que nos levam o nosso dinheiro para contas na Suíça, Panamá ou Macau? Senão são porque é que na nossa televisão e certos jornais só vemos falar grosso contra líderes norte e sul americanos, mais os irmãos, filhos ou genros deles? O autor destas linhas trabalhou para empresas norte-americanas como gestor para a América do Sul. Vai frequentemente a Washington DC e Brasília e garante-vos que, apesar dos muitos defeitos deles, nunca lá viu o Trump ou o Bolsonaro a gastarem dinheiro desviado do orçamento de estado português.

Enquanto isso cá até nas artes temos uma ministra sem cultura, a orientar a família toda, rodeada de certos jornalistas, artistas, maestros e fadistas do regime, submissos ao subsidio da lisonja a Costa e resto do regime. Isto quando precisávamos mais do que nunca do fulgor criativo, corajoso e questionador de uma nova genial Paula Rego, no magnífico “Salazar a vomitar a pátria” de 1960, arriscando politicamente que era a “Pátria (que) devia vomitar” o regime. Agora até poetas que em jovens lutaram bravos pela liberdade, auto amordaçam-se por duas pensões de reformas. Não foi só a liberdade de imprensa que Costa e os seus herdeiros jotas da política subornaram e mataram; o regime foi mais longe limitando até a liberdade das artes. Isto apesar do grande Júlio Pomar antes de nos deixar resistir valentemente contra os dois regimes e ainda pintar, sobre o regime do século XXI, um burro a tocar guitarra, escrevendo “E’ pr’ácabar!!! Ó vilanagem fartar.”

Neste partido do regime ferrugento que escolhe Ferros nunca eleitos, milita ainda gente, da “esquerda” à “direita” falsas, a auto bajularem-se e a beneficiar de várias maneiras de esbanjar o nosso dinheiro público e de fazer aumentar a dívida e os impostos com que os Europeus nos carregam, apesar da propaganda quer sobre o dinheiro que ia para o BES quer do que agora vem da Europa serem “de graça”. Os militantes do partido invisível dos negócios misturados com política do regime minam quer a justiça social quer a produtividade das empresas a sério soterradas em impostos. Não tem ideais nem de esquerda nem de direita verdadeiros. A única ideologia é servirem-se sem nos servirem. Há ministros das Finanças e outros em porta giratória com o Banco de Portugal, incluindo crocodilos e respetivas lágrimas do Bloco, a servirem falsos banqueiros de mão estendida. Servem-se abusando do Estado para pagar o crédito malparado de amigos de políticos e as falsas empresas de ex-políticos. Há diretores de TVs, jornais tradicionais e comentadores a nunca questionar a doer e a branquear, incluindo “elite” da “esquerda” do Livre aliada a comentadores altos e baixos de “direita”, delirando em coro que temos finanças campeãs europeias, vivendo em negação total da realidade dos dados Eurostat.

Nós a maioria dos Portugueses, bastante mais ao centro e éticos que tais militantes do regime, abstemo-nos cada vez mais nas eleições e desdenhamos, pois, comentadores nos media sempre “felizes e agradavelmente surpreendidos” com a boa economia imaginária. Enquanto isso, no nosso Portugal real, há demasiados a emigrarmos, ficando cada vez menos ativos para pagarem pensões aos reformados. Com a pandemia ainda há mais precários e empresas falidas e afogadas em burocracia e impostos do que dantes. Na saúde pagamos o dobro do nosso próprio bolso que os outros europeus. Pagamos também autoestradas, pontes, e energia a ex-políticos a preços inexplicavelmente dos mais caros do mundo. Tudo isto tendo dos salários mais baixos da Europa, resultando em pobres orçamentos familiares e empresas asfixiadas. Numa economia com tantos trabalhadores informais, de que vão viver os que viviam de biscates, turismo ou empresas que não voltam mais? Da nova migalha europeia onde, segundo a Bloomberg, o que recebermos pode ser menos líquido do que pagaremos em impostos?

No regime, defendem a permanência do status quo da nossa insolvência sem qualquer reforma. Por eles, passávamos a vida a discutir Trump, Bolsonaro, e o sexo dos anjos. Não levantam há décadas nem uma das questões que neste artigo levantamos nos 3 minutos que demora a lê-lo.

A maioria dos portugueses somos é do centro ético e integro, ambicionamos um equilíbrio virtuoso entre justiça social e incentivar os mais produtivos, ganhar bem e ter condições para as nossas empresas gerarem riqueza de topo europeu. Abanamos a cabeça de como é que possível, com a nossa história e o valor das nossas gentes, ter à frente do nosso destino tão improdutivos políticos e tão entediantes TVs sem nunca os questionarem. Lamentamos as potencialidades maravilhosas de Portugal desperdiçadas.

Do parlamento português, onde a vasta maioria dos deputados não são eleitos unipessoalmente pelos cidadãos, mas escolhidos pelo regime, também, em geral, não esperamos questões sobre para onde vai o nosso dinheiro e como podia ser melhor usado para nos pôr no topo em vez de no fundo da Europa. Na maioria dos deputados do regime nada averiguam ou reformam. Só galhofam que fazem comissões de investigação. Os deputados não questionam a doer, nem os líderes dos outros partidos quanto mais os seus próprios líderes como se faz em democracias avançadas. Não há oposição nem contraditório real. Salvo honrosas exceções, a assembleia da república, tornou-se numa espécie de harém dos vícios e benefícios do regime, guardado por eunucos calados e cobardes perante poderosos. Mero tráfico de influências polvilhado com causas politicamente corretas fofinhas para disfarçar. José Gil em “Portugal ou o Medo de Existir” tinha razão sobre o regime atual, por isso foi tão popular. Há uma sede enorme da população portuguesa por finalmente ver coragem e ter verdadeira representação política.

Os portugueses estamos cansados de vermos as nossas família a terem de ir trabalhar para fora para poder ter bons empregos ou ter de formar empresas fora, para não vermos o nosso esforço e resultados asfixiados pelo regime anti mérito. Mais tarde ou mais cedo teremos de curar e reformar o regime ou serão eles que nos vão deixar sem reformas como já nos deixaram sem bons salários nem economia competitiva. O relógio está a contar. A ajuda humanitária europeia não é eterna; a paciência holandesa já esgotada começa a contagiar o norte da Europa toda incluindo a Alemanha. Agora a “ajuda” já só virá a troco de mais impostos.

Urge reformar o estado e a política, ter finalmente uma democracia adulta e avançada, onde os políticos e as instituições que usam os nossos impostos, sejam questionadas e eleitas pelos cidadãos. É crucial exigir ciclos unipessoais para eleger e escrutinar deputados, governantes, presidentes da assembleia da república e até gestores de empresas públicas ou que usam dinheiro público. Se for preciso, para combater a promiscuidade, pôr até os cidadãos a eleger os procuradores-gerais e juízes da corrupção política, para os políticos pastelões não poderem mais despedirem procuradoras corajosas e as substituírem por simples operativas que nada questionem, como os dois amigos Presidente da República e primeiro-ministro fizeram para não incomodar outros tantos amigos deles. Regime doente.

As presidências portuguesas do início de 2021 serão já a primeira e preciosa oportunidade de sermos bons para conosco, ficando com mais dinheiro e energia, mudando de vida para um regime mais saudável e nutritivo do que comer estes caros e calóricos pasteis do palácio de Belém e palacete de São Bento. Haverá outras oportunidades, mas a rotura com e cura deste regime ferrugento e tetânico deveria começar o quanto antes. Há pressa sim e muita.

Pedro Caetano é MPH (Harvard), PgDip (Oxford), PC (London), MS (Michigan), PharmD (Ohio State), MBA (ESSEC), MBA (Mannheim), PhD (Michigan), AA (Cincinnati), Lic. (Lisboa); Ex-Professor de Farmacologia e Epidemiologia na Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa. Atual Director Global na Industria Farmacêutica baseado no condado de Oxford, Reino Unido.