Na passada quinta-feira, dia 30 de Maio do ano da graça de 2024, celebrou-se a Solenidade do Corpus Christi na Sé de Lisboa com a famosa procissão presidida por Sua Eminência o Patriarca de Lisboa, D. Rui Valério, seguindo-se a Adoração ao Santíssimo Sacramento e a respectiva Bênção no largo da Sé. Porque razão é que ainda no século XXI os cristãos (sobretudo os católicos) mantêm esta prática que em Lisboa se realiza desde o final do Século XIV? O que poderá realmente estar contido naquela hóstia, naquele pedaço de pão que ainda leva, hoje mesmo, o Homem moderno a sair à rua e a exprimir a sua devoção? Vamos tentar desmistificar…

Em primeiro lugar, se acreditamos que neste Sacramento se encontra a presença real, verdadeira e substancial de Nosso Senhor Jesus Cristo, e cremos, claro, que este é verdadeiro Deus e verdadeiro Homem, então reconhecemos a necessidade de entender que nesta Sagrada hóstia, estará realmente o Corpo de Deus. Deus não tem uma natureza corpórea é verdade, apenas na Segunda Pessoa da Trindade, aquando da sua Encarnação no seio da Virgem Maria e consequente ligação ao género humano. Desta forma, conseguimos entender de maneira lógica o porquê de tanta Adoração por parte dos fiéis.

Ora, esta é uma das procissões mais antigas de Lisboa e que desde logo segue o preceito de magnificência com o solene caminhar das várias Irmandades, Ordens, Confrarias, que vão empunhado o seu estandarte com a maior das alegrias, entoando cânticos de louvor a Nosso Senhor. Pois bem, isto só poderia fazer algum sentido se realmente Deus ali estivesse contido na Sagrada Eucaristia pois, caso contrário, seria idolatria. Quer seja em Mateus 26:26, Lucas 22:19, Marcos 14:22, Jesus diz-nos de maneira muito assertiva «Tomai e comei: isto é o meu corpo». Não fala em símbolo, nem em “memória do corpo”, NÃO! Diz que aquilo é verdadeiramente o Seu Corpo e o Sangue. No Evangelho Segundo S. João (6:51) «Eu sou o pão vivo, o que desceu do Céu: se alguém comer deste pão, viverá eternamente; e o pão que Eu hei de dar pela vida do mundo é a minha carne.». Não foi a Igreja que criou a Eucaristia, nem sequer a formulou… foi o próprio Cristo.

Desta forma, é possível compreender o porquê de ainda hoje mesmo milhares de pessoas atenderem a esta Solenidade com o desejo ardente de acompanhar a procissão e poderem estar perto do Senhor escondido por Amor na Sagrada hóstia.

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Contudo, uma pergunta surge: se milhares de pessoas estiveram nas ruas de Lisboa a professar a sua fé, quer na própria procissão, quer aquelas que estavam nas ruas e vinham às janelas com o desejo ardente nos seus corações de ver Nosso Senhor passar, porque é que apenas houve cobertura das várias agências de comunicação Católicas e a da CNN, sendo que esta última apenas fez uma cobertura um tanto tosca, quase como se fosse uma mera obrigação social ou talvez uma coisa sem realmente grande importância?

Este dia tão importante na vida dos fiéis católicos está consagrado no calendário civil português como feriado nacional. A pergunta que nos vem imediatamente à mente poderia ser: “ então e porque é que não existe o mínimo de divulgação/ comemoração por parte das entidades públicas?”. Pois bem, ficamos com a mesma impressão de que o que realmente se quer é mais um dia de praia ou talvez uma “pontezinha” para realizar uma mega viagem até qualquer sítio distante e tentar usufruir da cultura desse mesmo país (paradoxal não?).

Para além do mais, no meio de tanta notícia de caráter internacional (quer seja Israel, Ucrânia ou a condenação do Sr.Trump), temos também as notícias de caráter nacional, com especial relevância para a vida das pessoas: quer seja o alegado escândalo do FCP, quer seja o aumento da idade da reforma que leva os portugueses a pularem de alegria! Novamente a pergunta que se faz: Então e o Corpo de Deus, já não tem importância? Será que o Sacrifício de Jesus na Cruz é sequer comparável ao “sacrifício” de Sérgio Conceição em prol do seu adjunto? Fica a questão a pairar…

Leva-me a crer que os tempos da I República e do Dr. Afonso Costa ainda pairam nas instituições em Portugal, sendo que já não há um forte anti-cristianismo diretamente por parte do poder político, mas uma diabolização por parte dos Media da religiosidade da sociedade portuguesa, ainda vigente em 2024. Um “evento” de tamanha envergadura tinha, não só a necessidade. mas a obrigação moral de ser coberto pelas televisões portuguesas protegendo assim a herança histórica dos nossos «egrégios avós» e salvaguardando assim o fulgor social que se sente por ver a Igreja em festa. A Comunicação Social é que perdeu, pois seria algo que daria espectadores e, pelo menos, poderia vir a trazer alegria à vida das pessoas, ao contrário das notícias que se vão multiplicando sobre desgraças e tormentos. A Igreja continua intacta e, aparentemente, a religiosidade popular também!

Louvado seja sempre Nosso Senhor Jesus Cristo! – Para sempre seja louvado com Sua Mãe Maria Santíssima!