No distante ano de 490 a.C., um mensageiro correu de Maratona, o local onde um exército grego havia acabado de combater e derrotar os persas invasores, para Atenas, a mais de 40 quilómetros de distância, só para dar a boa nova. Séculos mais tarde, em 1896, este feito foi comemorado durante os primeiros Jogos Olímpicos de todos os tempos, nos quais atletas de vários países competiram para percorrer uma distância semelhante no menor tempo possível. Desde então, inúmeros corredores de todo o mundo têm vindo a completar maratonas, sendo que o atual recorde mundial, de pouco menos de duas horas, é detido pelo queniano Eliud Kipchoge.

No entanto, o ritmo ao qual o ser humano mais veloz de todos corre é ínfimo, quando comparado com aquele a que circula a informação na Internet. Fluxos de dados fluem através de cabos e ondas eletromagnéticas, sendo gerados e recebidos por postes de telecomunicações e permitindo que troquemos emails, façamos chamadas de vídeo e acedamos a uma grande quantidade de conhecimento numa lógica rotineira. Conseguir enviar e receber dados de forma rápida e confiável, independentemente da distância percorrida, é tão importante na contemporaneidade quanto era no século V a.C. e, nesse sentido, vastos recursos estão a ser investidos com o intuito de aprimorar a nossa capacidade de comunicação.

Atualmente, é comum a informação viajar, quase à velocidade da luz, através de cabos de fibra ótica – para ser mais exato, a, aproximadamente, um passo por nanossegundo, pelo que o comprimento do cabo se torna decisivo. Em 2010, um fundo especulativo de Nova Iorque gastou 300 milhões de dólares num cabo subterrâneo de mais de mil quilómetros de comprimento para ligar o centro de dados de Nasdaq, em Nova Jérsia, à Chicago Mercantile Exchange, pela rota mais curta possível, sob lagos, rios e montanhas, de modo a reduzir a latência das suas ordens de compra de contratos de futuros. A redução, em comparação com a opção disponível, foi de apenas 3 nanossegundos (note-se que um piscar de olhos leva 200 nanossegundos). Um custo de 100 milhões de dólares por nanossegundo está longe de ficar em conta, mas, ainda assim, este fundo especulativo achou que valia a pena, uma vez que lhe permitia ser mais célere que outros investidores a comprar e a vender contratos de futuros. É caso para aludir ao velho ditado de que tempo é dinheiro.

Em breve, a tecnologia 5G estará disponível em quase todo o lado e viabilizará finalmente a denominada Internet das Coisas. Tudo estará conectado entre si, com a informação a circular à vertiginosa velocidade de 10 gigabits por segundo, o que é 100 vezes mais rápido que as atuais redes 4G. Enquanto isso, a SpaceX, propriedade do bilionário Elon Musk, que é também o fundador e CEO da Tesla, está a criar uma rede de milhares de pequenos satélites de baixa órbita, a Starlink, com o objetivo de fornecer cobertura completa de Internet à escala global até 2022. Considerando que a luz viaja ainda mais rápido no vácuo do espaço do que através de fibra ótica e que os satélites estarão em baixa órbita, haverá ainda menos latência que nas redes 5G. Não é, por isso, de estranhar que o plano de negócios da Starlink estime que a empresa irá, eventualmente, gerar 30 a 50 mil milhões de dólares por ano somente em subscrições premium do mercado de ações.

Como podemos constatar, o futuro promete ser mais dependente da tecnologia e interconectado do que nunca. Tal como o mensageiro que corre de Maratona a Atenas, as empresas e os indivíduos dos dias de hoje estão focados em partilhar e obter informação de maneira rápida e eficaz, em qualquer lugar e a todo o momento, não importando a que custo.

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