O documento mais relevante para quem se interessa por compreender o problema português da imigração é a entrevista que a presidente da Junta de Freguesia de Arroios deu à Rádio Observador, no passado dia 7 de Maio.

Arroios não é só mais uma freguesia de Lisboa; é a freguesia com maior número de nacionalidades em todo o país. Tem um problema grave com imigrantes e um problema grave com pessoas a viver em tendas montadas em cima do passeio. As chamadas pessoas “sem abrigo”. Não é possível separar um problema do outro.

A presidente dessa Junta de Freguesia, Madalena Natividade, arranjou um sarilho com o governo da República, o saudoso governo do PS, porque desde Fevereiro deste ano decidiu recusar-se a emitir “atestado de residência” (um documento da Junta) a quem não tenha “título de residência” (um documento da responsabilidade dos serviços do Estado central). O governo de António Costa repudiou a decisão, alegando que ela “limita os direitos dos cidadãos imigrantes”. Madalena Natividade não vai recuar. Diz que tomou “uma decisão política”, que teve o cuidado de a fazer passar pelo crivo dos pareceres jurídicos, que está “tranquilíssima” e vai manter a decisão. E explica porquê.

Diz que a resposta está na própria palavra “atestado” de residência; ela, enquanto Presidente de Junta, não vai “atestar” residências baseada em declarações falsas. Não vai “atestar mentiras”. Acrescenta que “é do conhecimento público” a existência de máfias a operar em Arroios, que essas máfias produzem documentos falsos, e que as forças de segurança sabem, até porque a Junta tem estado a fazer chegar informação à PSP, à Polícia Judiciária, e à Procuradoria-Geral da República, como “é da sua competência”. Madalena Natividade pede agora ao governo “uma política de imigração clara” e “uma resposta rápida”, porque a situação “não é digna, nem para quem dorme em tendas nos passeios, nem para quem vive ali”.

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“Eu, como Presidente de Junta, tenho obrigação de defender a higiene, a segurança, e o bem estar dos meus moradores”, explicou ela à jornalista. Mais: “O meu papel é fazer cumprir os direitos, quer dos imigrantes, quer de quem vive em Arroios; mas os direitos de uns não se sobrepõem aos direitos dos outros”.

Para que não sobrassem dúvidas sobre a quem presta contas, e sobre o sossego da Junta, informou: “Todos os dias os moradores me perguntam quando é que isto acaba”.

E pior, disse que as “associações, movimentos, e activistas de esquerda” vão lá diariamente. Ajudar a resolver? Nada disso: vão lá “bloquear a situação”, instrumentalizando estas pessoas com o correspondente “aproveitamento político”. Madalena Natividade é de uma franqueza desarmante, não deixa subtilezas subentendidas: “As associações têm interesse em que as pessoas fiquem na rua”, porque “recebem subsídios pelas pessoas que dormem no passeio”.

Toda esta história vem confirmar o papel da esquerda no descontrolo da imigração, que serve os interesses da esquerda de várias maneiras. O fundamental, já toda a gente percebeu e, de resto, foi apontado por Rui Ramos na semana passada: a esquerda substituiu a “classe operária” pelos imigrantes e pelas minorias, que agora lhe servem de instrumentos na luta contra o capitalismo. Exerce esta política na frente cultural, através dos jornais, televisões, e universidades, onde se tornou hegemónica, caluniando e diminuindo os valores ocidentais. Esses valores deram forma às nossas referências, produziram as nossas sociedades, as sociedades que os imigrantes procuram quando se juntam a nós. Não existe um fenómeno de emigração europeia descontrolada para a Somália ou para o Bangladesh.

Mas a esquerda também exerce a luta contra o capitalismo na frente operacional, através de associações e movimentos activistas, que impedem a legalização e a integração de imigrantes para acumular desconforto e pesar nas nossas consciências, lucrando directamente com isso. São dirigidos pelos partidos da esquerda, favorecem os partidos da esquerda, e são pagos pelos portugueses para se comportarem assim. Fazem disso um modo de vida, à custa do Orçamento do Estado e do Município.