Sabia que o termo “Think tank” foi usado pela primeira vez durante a Segunda Guerra Mundial? Servia para descrever um lugar seguro para discutir estratégias e planos. Hoje os “Think tanks” são instituições que se dedicam a produzir e a difundir conhecimento, promovendo debates e publicação de estudos e artigos. São também, por vezes, metodologias de trabalho intelectual viradas para a ação e transformação.

No passado dia 12 de maio, organizámos o primeiro Think Tank da Católica International Business Platform. Em sala, estavam 50 participantes de várias gerações e experiências profissionais – CEO e Chairmen de empresas portuguesas de referência, líderes associativos, autárquicos e de instituições públicas, docentes universitários, media, e alguns alunos convidados da Católica-Lisbon.

Foi-nos pedido para abandonar a velha retórica de diagnóstico “o problema é que”. Debateram-se alternativas para acelerar o processo de internacionalização do tecido empresarial, criando mais valor para a economia portuguesa apesar dos constrangimentos que todos conhecemos.

Os intervenientes eram de fileiras tão distintas quanto Food & Beverage, Pharma & Health, Wood & Furniture, Building & Construction e Digital Technology, entre outras. Todos partilharam a sua experiência em modo “fast forward” porque para bom entendedor, meia palavra basta.

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De todas as intervenções, gostaria de salientar a do Professor Miguel Athayde Marques, que partilhou com a audiência as conclusões do relatório “Future Readiness of SMEs and Mid-Sized Companies” do World Economic Forum (WEF), apresentado em Davos em janeiro deste ano.

De acordo com o WEF, 67% dos empresários considera a sobrevivência e expansão como o principal desafio empresarial, 48% refere a capacidade de atrair talento, e 34% a construção de uma cultura empresarial com valores e propósito.

E é exatamente sobre a capacidade de atrair talento que gostaria de fazer a minha reflexão pois, enquanto coordenador do programa Employer Branding da Católica International Business Platform constato que os jovens sabem pouco sobre as empresas portuguesas que se estão a internacionalizar. O que significa que elas não estão a comunicar bem as oportunidades de carreira às novas gerações.

Nesse aspeto, o nosso programa Employer Branding é uma estrada com dois sentidos: queremos motivar as novas gerações a abraçar projetos internacionais em empresas portuguesas; e queremos apoiar as empresas a integrar as novas gerações como agentes de crescimento e de transformação interna.

Employer Brand – O significado

Estamos a falar da imagem da empresa enquanto empregador, ou seja, a forma como é percepcionada por todas as partes interessadas em termos de valores, cultura e experiência global de emprego.

Nos últimos anos, a marca do empregador tornou-se um aspecto essencial da gestão estratégica porque tem impacto na capacidade competitiva da empresa.

Employer Brand – Eixos de actuação

De acordo com o artigo “Make Your Employer Brand Stand Out in the Talent Marketplace” publicado por Bryan Adams em fevereiro de 2022, na Harvard Business Review, a marca do empregador influência de forma determinante a decisão do candidato e são três os eixos de atuação para se construir uma marca forte:

Reputação da empresa: Esta dimensão deve ser avaliada como um todo – uma empresa que é conhecida por se preocupar com a sua equipa e cultivar um ambiente de trabalho positivo atrai talento e atrai clientes que se querem relacionar com empresas socialmente responsáveis.

As empresas percepcionadas como um lugar mais desejável para trabalhar conseguem atrair candidatos de alta qualidade – de acordo com o Linkedin, até 2,5 vezes mais que os concorrentes.

Proposta de valor do empregador: Numa pesquisa promovida pelo Linkedin em 2019, concluiu-se que na hora da decisão, em igualdade de condições financeiras, os candidatos optam por trabalhos mais estimulantes, funções bem enquadradas na organização, culturas com propósito e valores em que o candidato se reveja, empresas com oportunidades de carreira por via da expansão, e benefícios relevantes e diferenciados.

Experiência do colaborador: Quando o colaborador acredita na sua missão, o aumento de produtividade é uma das primeiras consequências (Globoforce). E se se sente reconhecido e recompensado, a probabilidade de se manter na empresa aumenta. O impacto na retenção é visível, chegando a ser 30% superior (Glassdoor).

As empresas que avaliam o seu talento em função de indicadores de desempenho, motivação e compromisso, e adotam técnicas de auscultação para aferir gaps e gerir expetativas, conseguem criar mais valor, otimizam o ciclo de vida do colaborador na empresa e criam laços de “embaixador” e “parceiro” com aqueles que prosseguem para outras empresas.

Employer Brand – Das palavras à ação

O programa Employer Branding da Católica International Business Platform, que tenho o privilégio de estar a coordenar, inclui para já três dinâmicas no âmbito do curso de International Management que aproximam naturalmente alunos e empresas:

  • Guest speakers em aula. Rui Miguel Nabeiro, CEO do Grupo Nabeiro, foi convidado a falar sobre a importância de ter marcas internacionais na indústria FMCG, Gonçalo Quadros, Chairman da Critical Software, falou sobre a evolução da indústria automóvel e da JV entre a Critical Software e a BMW que deu origem à Critical Techworks, e Janet Morais, CEO da KOKET, falou sobre empreendedorismo no feminino e sobre marketing global e produtos de luxo “made in Portugal”.
  • Discussão de casos em aula. O caso de estudo “Conformismo não joga com ambição – Sumol+Compal Moçambique 2012-2022” foi elaborado com o apoio da Direção Executiva da empresa para ilustrar as aprendizagens da empresa na transição da exportação para a internacionalização.
  • Estágios com mentoring. O programa incide sobre os desafios de internacionalização das empresas parceiras da Plataforma, os estágios são desenhados à medida, e os alunos têm orientação académica e recebem feedback sobre o seu perfil e competências em contexto profissional. E os mentores têm a oportunidade de ouvir as novas gerações, as suas preocupações e as suas referências enquanto futuros profissionais e consumidores.

Em suma, no passado dia 12 de maio fiquei a conhecer as conclusões do relatório “Future Readiness of SMEs and Mid-Sized Companies” do WEF e saí da sessão com a certeza de que estamos a construir um caminho.

Think Tank e acelera!