A área política à direita do PS parece órfã! Exceptuando o Chega, que se mantém unido à volta da sua liderança, com sondagens cada vez mais favoráveis e demonstrando uma enorme vitalidade, os restantes encontram-se perdidos nos seus labirintos. O PSD não consegue descolar e, pior, parece ver reduzir as intenções de voto, tendo entrado numa rampa deslizante, o que deve preocupar os eleitores e os dirigentes. O CDS, sob a nova liderança, também não vê melhorar os seus resultados. A IL, assumindo que se encontra nessa área política, também não assiste a grandes alterações e que foram, lembre-se, a causa propalada para a mudança de presidente. Assim, temos três partidos estagnados e somente um vivo, com pujança e a crescer, o que se consubstancia como muito reduzido para garantir uma alternativa viável a um governo de esquerda. Qual o traço comum entre estes partidos?
A qualidade das lideranças!
O PSD, o CDS e a IL, com a manutenção das linhas vermelhas ao Chega, passam, voluntária ou involuntariamente, a mensagem de a direita não se conseguir unir para retirar o PS e a esquerda do poder. Faço aqui um parênteses para lembrar que esta postura tem o “superior patrocínio” do Presidente da República, já que tem vindo a repetir que é necessário uma alternativa sem o Chega (o que revela, no mínimo, um enorme desprezo por cerca de 15% do eleitorado). Fechado o parênteses, convém referir que esta decisão só favorece o PS, que se mantém em primeiro lugar nas sondagens, e o Chega, que continua a crescer, revelando que a sua liderança está ajustada aos objectivos do partido e que conserva todas as condições para se manter.
Então se o problema está nas lideranças e nas suas opções, o que fazer? Parece simples, mudem-se as lideranças!
Em junho do próximo ano teremos umas eleições que poderão ser o início do processo de mudança na direita e que deveriam ser o ponto de partida para a mudança de ciclo político. Pior do que uma vitória “poucochinha”, o PSD arrisca-se a perder as eleições, o CDS a não eleger e a IL a não ir além de um deputado europeu (podendo o Chega atingir os 3 ou 4 eurodeputados). Haverá sinal mais claro?
Quais as consequências?
Parece evidente que o (ainda) maior partido da oposição não consegue garantir-se como centro de gravidade a uma alternativa de direita, por incapacidade de garantir pontes na sua área política. Para esta situação se inverter, o PSD tem que olhar para os seus quadros e ver quem o pode liderar e, ao mesmo tempo, ser aceite como “primum inter pares” (“primeiro entre iguais”) pelos outros partidos nessa área do espectro político nacional.
É voz comum que André Ventura e Pedro Passos Coelho mantêm boas relações pessoais e políticas, o que poderá permitir o fim da exclusão do Chega de uma solução de governo. Por outro lado, o PSD, quando liderado por Passos Coelho, manteve uma ligação com o CDS que lhe permitiu governar num período particularmente difícil, provocado pela intervenção da troika (a pedido do governo do PS e de José Sócrates) e, mesmo assim, vencer as eleições seguintes, o que leva a crer que não seria difícil um novo entendimento entre esses dois partidos. Quanto à IL, caso não queira permanecer no registo de “nem de direita, nem de esquerda” e, dessa forma, preferir dar a mão ao PS, poderá vir a aceitar essa grande coligação à direita, tendo sempre em conta o tipo de acordo que possa ser firmado.
Quanto a Pedro Passos Coelho, sendo inegáveis as suas qualidades executivas e as suas competências de liderança, foi impedido pela coligação contra-natura (e não sufragada pelo povo português) de socialistas democráticos(?), marxistas, leninistas e trotskistas, de prosseguir o caminho reformador que tinha iniciado após a resolução dolorosa dos graves problemas herdados do governo socialista de José Sócrates. Passos Coelho deve isso a Portugal e Portugal quererá e deverá dar-lhe essa oportunidade. Assim Passos Coelho aceda…
É necessário mudança nas lideranças ou na postura das lideranças. Do PSD, CDS e IL, sendo mais relevante no PSD por ser, para já, o maior partido do espaço não socialista e que ainda pode vir a constituir-se como a cabeça de uma alternativa. Lideranças que não cedam às cercas sanitárias impostas pela esquerda e que permitam o regresso da esperança para os Portugueses!
Pedro Passos Coelho é a personalidade que, no PSD, garante uma alternativa à direita, onde o Chega é incontornável e imprescindível, mesmo que os barões e os baronetes situacionistas esbracejem e vociferem.
A sugestão fica feita!
Cabe ao PSD e a Pedro Passos Coelho decidir e à direita entender-se, para que não seja demasiado tarde para Portugal!
Nota final – Sou um cidadão comum, económica, social e politicamente de direita (liberal clássico), atualmente sem qualquer filiação partidária, que, certamente como muitos, considera ser necessário um entendimento alargado nesta área política para impedir a mexicanização do regime e consequente venezuelização. Se tal não acontecer, creio que num futuro não muito longínquo, só um partido (aquele que é maldito para o establishment e para os comentadores do regime) poderá ser alternativa, dada a sua vitalidade, as propostas disruptivas que apresenta e a qualidade da sua liderança. Não havendo acordos à direita, teimando-se na manutenção das linhas vermelhas e da “cerca sanitária”, deverá ser-lhe dada uma oportunidade.
Post Scriptum – Com a demissão de António Costa o calendário alterou-se, acelerando. No entanto, o Presidente da República terá a sensibilidade para permitir a alteração das lideranças nos diversos partidos a tempo de umas eventuais eleições antecipadas. Se ontem era necessário o regresso de Pedro Passos Coelho, hoje torna-se urgente e imprescindível!
