Uma semana depois das eleições, são três os aspectos principais do processo em andamento. Em primeiro lugar, a votação propriamente dita e as suas distorções; depois, a formação do governo; e para concluir o ciclo, quais são as perspectivas políticas do país a um ano e três meses, ou seja, daqui à eleição presidencial de Janeiro de 2021. Comecemos pelo princípio. Segundo as estatísticas oficiais, haveria 9,3 milhões de eleitores inscritos em Portugal, o que é tanto mais improvável quanto os últimos dados apontam para uma população com pouco mais de 10 milhões, andando os menores de 18 anos perto 1,5 milhões, o que não chega a 9 milhões de adultos contra os 9,3 milhões recenseados
Isto significa que os cadernos eleitorais de Portugal têm perto de meio milhão de eleitores fictícios. A esta manipulação acrescenta-se outra, não menor, que é o milhão e 400 mil eleitores da chamada «diáspora», cujo comportamento ainda não se conhece mas irá contribuir para a maior abstenção de sempre! Não admira, pois, que o abstencionismo contribua para distorcer o significado político das eleições!
O sistema aprovado há 45 anos pelos candidatos a donos permanentes da política nacional permanece inalterado desde então e funciona hoje de forma cada vez mais afastada da desejada proporcionalidade entre os votos válidos por partido e o respectivo número de deputados. Ora, basta somar os votos válidos – exclusive dos votos perdidos (cerca de 200.000 sem qualquer representação) e dos mais de 200 mil anulados (brancos ou nulos) – para que a taxa de abstenção se eleve já a 50% e vai aumentar quando se conhecerem os resultados dessa mistificação política que é a «diáspora».
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