A UNESCO aprovou, no início de Agosto de 2017, a cátedra “Educação para a Paz Global Sustentável”, a qual tem a sigla E=GPS (Educação é igual a “Global Peace Sustainability,” da designação em inglês deste programa). A sigla GPS é facilmente memorizada, porque repete a do tão popularizado sistema de navegação por satélite, só que aqui o satélite é a Educação, através da Psicologia Positiva. Anoto que a Psicologia Positiva, oficialmente lançada como disciplina académica em 1998 por Martin Seligman, presidente da American Psychological Association, é “o estudo científico do funcionamento humano óptimo”, de acordo com o Positive Psychology Manifesto, de 1999.

O projecto, apresentado como a primeira cátedra UNESCO da Universidade de Lisboa, conta com os ponderosos apoios do Magnífico Reitor da Universidade de Lisboa Professor António Cruz Serra, do Presidente do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP) Professor Manuel Meirinho, de mais cerca de uma centena de outras Personalidades e Instituições, portuguesas e estangeiras de variados países, as quais aderiram e continuam a aderir (destacando-se adiante algumas destas Personalidades), e tem uma maravilhosa equipa. A equipa é composta pelos Coordenadores do Executive Master em Psicologia Positiva Aplicada, Professores Helena Marujo (que coordena), e Luís Miguel Neto, pelos Professores, também do ISCSP, Hermano Carmo (Vice-Presidente do Conselho Científico) e Fernando Serra (Vice-Presidente do Conselho Pedagógico – Docentes), e por mim, a quem simpaticamente chamam a mãe do projecto, mãe na sua génese, continuando com enorme gosto e empenho a nele colaborar. Nas palavras da Professora Helena Marujo: “Na sequência de um sonho de mais de uma década da Drª Matilde Sousa Franco, o qual resolvi abraçar com entusiasmo e dedicação…”

Historiadora e museóloga, fui conservadora e directora de vários museus e palácios, dei Aulas de História de Arte na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e na Universidade Católica Portuguesa.

Todos podemos (e devemos) ser úteis à sociedade, e não há limite de idade para sonhar: concebi este sonho com 62 anos, e durante os 12 anos decorridos lutei arduamente pela sua concretização, como mero elemento da sociedade civil, apenas por achar que, embora modestamente, poderia ajudar a melhorar os corações, a favor da Paz no Mundo. Dizem eu ser visionária, mas humildemente confesso não ter tido, antes de ser sexagenária, um sonho como este, global no aspecto geográfico e nas áreas a abarcar …

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Evoco marcos decisivos neste longo processo, e de como sempre se podem fazer limonadas a partir de amargos limões, como o meu querido pai me ensinou.

Em 2005, há 12 anos, lembrei-me de juntar a minha velha paixão por Psicologia, sobretudo pela novel Psicologia Positiva (a qual descobri logo no seu início, nos anos 1990, numa livraria em Nova Iorque, o que me fez vir carregada com vários volumes), com a minha paixão pela Educação, conforme propus numa conferência, em Lisboa, sob o tema da violência e as mulheres.

Peço licença para confidenciar que talvez o tema dessa conferência me tenha aguçado o engenho, pois muito tenho sofrido ao longo da vida, cedo tendo jurado a mim própria que não permitiria ser destruída pelas agressividades ciumentas dos meus dois irmãos mais velhos, ambos rapazes. Daí, o meu fascínio precoce pela Psicologia…

A Psicologia e a Educação são hobbies meus, porque nas minhas escolhas profissionais venceram as maiores paixões: a História, para melhor compreender o presente e perspectivar o futuro, e a Arte, para que a Beleza envolva tudo. Contudo, não é a Paz uma suprema forma de Arte ?.

Como, com as recentes descobertas científicas na área da Psicologia Positiva, se podem melhor prevenir conflitos, resolvendo problemas a montante, antes que estes evoluam para violência, ou guerra. Como, para a nossa harmonia interior, e para os nossos relacionamentos, a favor da nossa paz interior e da paz social, é essencial aprender a gerir as emoções. Como o nosso sucesso depende 80 % do Q.E. (Quociente Emocional/Inteligência Emocional) e apenas 20 % do Q.I. (Quociente de Inteligência). Como o Q.E. pode sempre ser melhorado ao longo da vida, mas quanto mais cedo o for melhor, lembrei-me de:

  1. incluir o ensino da gestão das emoções desde a pré-primária até ao fim da Universidade, como essencial aprendizagem a favor da Paz.
  2. facilitar o acesso a esta aprendizagem da gestão das emoções a todos os interessados, mesmo a pessoas com dificuldades financeiras;
  3. premiar iniciativas a favor da Paz em todas as possíveis áreas da actividade humana, como Política e Paz, Religiões e Paz, Comunicação Social e Paz, Cultura e Paz, etc.; por exemplo na Cultura, os projectos arquitectónicos que englobem as envolventes, privilegiem o diálogo, evitando a construção de guetos, etc.

Este texto surge como homenagem e preito de imensa gratidão a todas as Personalidades e Instituições que, a partir de Abril de 2016, permitiram que este meu sonho se começasse a concretizar, para o que devo destacar os primeiros e decisivos passos, por ordem cronológica:

  • Em 12 de Abril de 2016, o Professor Marcelo Rebelo de Sousa, através de carta da Presidência da República, em resposta ao meu “Memorandum” “Educação para a Felicidade, para a Globalização da Paz”, de 21 de Março, enviou “calorosas felicitações pelo projecto que se propõe implementar”. Já em 2017, a Presidência da República concedeu também o Alto Patrocínio.
  • Incentivada pelo apoio do Presidente da República, em 2016 escrevi dois textos, ambos publicados no jornal on line “Observador”: em 17 de Maio “Urge Educar para a Paz, no Ano Internacional do Entendimento Global”, e em 7 de Junho “Agenda 2030 da ONU: uma sugestão”.
  • Em 17 de Junho de 2016, enderecei um mail ao Professor James Pawelski, professor na Universidade de Pensilvânia, E.U.A., e director da International Positive Psychology Association (IPPA), a quem enviei esses meus 2 textos mais recentes. No mesmo dia, o Professor Pawelski respondeu-me :”Thank you so much for this wonderful note and very exciting information!”. Confirmei que o meu projecto continuava inovador e aliciante, o que ainda mais me motivou.
  • Em 18 de Julho de 2016, o Professor Adriano Moreira, Presidente do Instituto de Altos Estudos da Academia das Ciências de Lisboa (que me convidou a ser colaboradora do Instituto), escreveu-me “Considero a sugestão como muito oportuna e não adiável”, em rapidíssima resposta por mail, e logo me colocou em contacto com a Professora Maria Salomé Pais, Secretária-Geral da Academia das Ciências de Lisboa, a qual num ápice concedeu o seu apoio.
  • A Professora Helena Marujo, também prontamente, a 19 de julho de 2016, respondeu-me “parabéns pela iniciativa, de grande alcance e atualidade” .
  • Ainda em Julho de 2016 e com a supervisão do Professor Adriano Moreira, houve uma primeira reunião da Professora Maria Salomé Pais, com os Professores Helena Marujo e Luís Miguel Neto, e comigo. Em 3 Março de 2017, sob coordenação da Professora Helena Marujo, esta apresentou um basilar e já excelente documento científico, e pouco depois, em Abril, o documento científico que propiciou a rápida aprovação pela UNESCO, em Agosto de 2017.
  • Entretanto, os Professores Hermano Carmo e Fernando Serra tinham passado a enriquecer a equipa.
  • O Secretário-Geral das Nações Unidas, Engenheiro António Guterres, em Janeiro de 2017, acabado de tomar posse do cargo, e mal lhe dei conhecimento do projecto, logo manifestou o seu apoio, e em 3 de Março, perante o referido documento científico, no mesmo dia me escreveu num mail “o meu apoio está assegurado”.
  • O Professor Rodrigo Tavares, único português que o Fórum Económico e Social deste ano destacou, surgiu em 15 de Abril de 2017, através da entrevista que deu ao jornal “Expresso”, e na qual declarou adorar apoiar um projecto português, depois de há anos andar a apoiar projectos de vários outros países. Logo o contactei, e dois dias depois declarou apoiar o nosso, o que permite viabilizar as atribuições financeiras dos prémios.

Nesta primeira homenagem, não posso deixar de mencionar ainda a única pessoa que, ao longo desta quase dúzia de anos, sempre me incentivou a não desistir do projecto: o Filósofo Professor Pe. Joaquim Cerqueira Gonçalves, meu mestre na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e depois, ao longo de mais de 50 anos.

O programa “Educação para a Paz Global Sustentável”, com recurso a e-learning, novas tecnologias, e que procura chegar o mais possível a tudo e todos, é de longo, longuíssimo prazo, e não ficará concluído em tempo da minha vida. Procura evitar conflitos, numa convergência com a “diplomacia de prevenção” que o novo Secretário-Geral da ONU defende.

Espero que este programa seja útil à ONU o mais depressa possível, vá desde cedo prevenindo conflitos, vá ajudando a construir mais alicerçada Paz, o que já me fará feliz.

Sociedade Científica da Universidade Católica Portuguesa