No início de 2016, em boa hora a UNESCO estipulou que este é o “Ano Internacional do Entendimento Global”, o que nos abre janelas de oportunidades para um mundo em que se lancem mais e mais sólidas pontes conducentes à tão ansiada paz mundial.

Como nos jovens e crianças radica sobretudo a esperança, pensei que uma das mais sólidas pontes é a da Educação, na vertente da Cidadania, com o objectivo de ligar culturas, civilizações, religiões, países, continentes…

Assim, penso que urge implementar um vasto programa educativo conducente à globalização da paz, com base na moderna Ciência, sobretudo a Inteligência Emocional e a Inteligência Social, e o qual seria preferencialmente integrado na disciplina de Cidadania.

Esta educação cívica incluiria defesa do ambiente e do património cultural, normas de vida saudável, etc., devendo prevenir e contrariar o empobrecimento das relações humanas, ser contra toda a violência, incentivando relações interpessoais gratificantes, a favor do diálogo (também inter-cultural, inter-religioso), em prol da amizade, da paz, aproximando-nos o mais possível do maior anseio de todos nós, a felicidade, nos moldes em que a Ciência nos explica.

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Esta minha proposta educativa foi considerada recentemente “do maior interesse” por parte de Guilherme d`Oliveira Martins, que dirige na Fundação Calouste Gulbenkian o pelouro da Educação, tendo-me o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, enviado “as suas calorosas felicitações pelo projecto que se propõe implementar”.

Como base científica, lembro, por exemplo: António Damásio “ser racional, não é separarmo-nos das nossas emoções. O cérebro que pensa, que calcula, que decide, não é diferente daquele que ri, que chora, que sente prazer e repulsa. A ausência de emoções e de sentimentos impede-nos de ser verdadeiramente racionais”; Martin Seligman, da Universidade de Pensilvânia, Walter Mishel, da Universidade de Stanford e Peter Salovey, da Universidade de Yale, afirmam que “a inteligência emocional é a capacidade de dominar as suas emoções, mas, sobretudo de compreender as dos outros”.

Ora, a melhoria da Inteligência Emocional e a consequente melhor capacidade para inclusivamente compreender os outros, é essencial a um diálogo mais profícuo, e este é basilar para o entendimento e felicidade das pessoas.

Explico um pouco o conceito base deste ensino, que venho estudando há décadas. Está cientificamente provado que o QI (Quociente de Inteligência) apenas interfere em 20% dos elementos que determinam o nosso sucesso e é imutável ao longo da vida, enquanto os restantes 80% dependem de factores que englobam o que se considera Inteligência Emocional (QE) e podem ser melhorados ao longo da vida.

Portanto, urge ensinar a gerir as nossas emoções, e nada melhor do que através do sistema educativo, pelo menos de crianças e jovens entre aproximadamente os 6 e os 18 anos de idade, desde o 1º ao 12º ano de escolaridade, mas se puder ser antes e até mais tarde, tanto melhor.

Há já vários anos, Richard Layard, da London School of Economics, afirma: “A felicidade deve tornar-se o objectivo da política e o progresso da felicidade nacional deve ser medido e analisado com tanta atenção como o crescimento do produto interno bruto (PIB)”.

Assim, desde 2009, dois prémios Nobel da Economia têm integrado estatísticas económicas com conceitos de qualidade de vida, tendo-se tornado hábito medir a felicidade dos países.

O que eu proponho é que de forma pró-activa, pela educação de crianças e jovens, se ensine, através da gestão das emoções e do incremento do quociente da Inteligência Emocional (QE), a construir melhores pontes de entendimento, as quais, a partir dos educandos, alastrarão à sociedade, a caminho da paz global. Esta disciplina seria ensinada, preferencialmente, através da apelativa gamificação, de vídeo-jogos. Os vídeo-jogos seriam em Português, em Inglês e sequentemente noutras línguas, pensando já na sua internacionalização pelo maior número possível de países, pois o objectivo é o Entendimento Global.

Na ONU foi felizmente aprovada por unanimidade, em 2012, a criação do “Dia Internacional da Felicidade”, o qual vem sendo comemorado. No entanto, com um mundo tão destroçado por tanta violência, há países em que é impossível comemorar um Dia da Felicidade. Este projecto educativo procura activamente implementar 365 dias de felicidade em todos os quadrantes geográficos e ideológicos.

Na Universidade de Harvard, com igual base científica, o filósofo e psicólogo Tal Ben-Shaar inaugurou, em 2002, um curso que rapidamente se tornou o mais popular dessa prestigiada universidade e o qual é apelidado “curso da felicidade”. Com base nesta designação, pareceu-me ser possível chamar a este outro projecto educativo (que venho apresentando desde 2005, sempre com grande aceitação), “Educação para a Felicidade”, o que a criação pela ONU do “Dia Internacional da Felicidade” parece justificar, mas poderá ser Educação para o Entendimento Global, Educação para a Paz, …

Neste “Ano Internacional do Entendimento Global” urge concretizar e implementar esta Educação para a Paz Global.