Talvez por ter nascido e crescido no meio rural/agrícola, tenho por esta atividade uma especial atenção e interatividade. Que valorizo e respeito, admirando as pessoas, sobretudo jovens, que ousam nesta área empreender e levam a peito. Pelo sacrifico e dedicação que implica, porque a tarefa é exigente e o risco permanente, os agricultores devem ser referências a ter em conta, não só pela labuta produtiva, mas também pela inegável contribuição para sustentabilidade ambiental. Acabam, até, por ser os verdadeiros jardineiros da natureza, contribuindo de forma inegável para a economia nacional, para o turismo e cultura tradicional.

Mas nem sempre a sua atividade é tida em conta desta forma, ou se valoriza o fruto que seu labor transforma. Por isso, entendo que toda a gente deveria saber quanto é difícil trabalhar e viver da agricultura. Quanto custa produzir o pão, as batatas, o azeite, vinho e demais produtos da terra. Ora, o reconhecimento pessoal destes retratos naturais e vivências retroativas, levam-me a escrever sobre o meio rural. Naturalmente que, além de me chegarem diretamente, são diversas a reações/comentários ao que escrevo e às opiniões que emito, expressas, até, noutros contextos. Confesso, com algum orgulho não pecador, que as reações/comentários me deixam satisfeito e motivado, acabando por ficar, nalguns casos, o assunto mais esclarecido e complementado. Neste contexto deixo aqui um comentário ao um meu texto anterior, sobre as Segadas, expresso pela izedense da diáspora, Deolinda Remondes, na minha página do Facebook:

“Desde épocas imemoriais que o pão é o alimento sempre presente nas mesas de todos os povos. Talvez seja o alimento com mais ancestralidade. Creio que os egípcios já o utilizavam mais ou menos 4000 anos A. C. Não sou historiadora e o que digo é somente fundamentado nos livros que tenho lido e porque me interesso muito pela história que, afinal, é o relato da vivência do Ser Humano. As segadas fazem parte das recordações da minha infância. Ainda criança, assistia com grande interesse à faina da ceifa e via, embora não avaliasse, o trabalho árduo de todos aqueles que participavam nessa tarefa. Assistia a tudo e o que me fazia mais confusão era o trabalho dos malhadores que batiam no cereal com os malhos que eram paus articulados com o que me parecia serem tiras de cabedal. Admirava-os porque era um trabalho que exigia muita força e muito tempo. Depois vinha a limpa, onde eu achava que o vento tinha um papel muito importante porque o cereal, já malhado e feita a separação da palha e do grão, este era passado e abanado com crivos e as cascas mais leves o vento encarregava-se de as levar num bailado muito bonito. Mais tarde, apareceram as debulhadoras (davam-lhe o nome de malhadeiras) que facilitaram a vida dos malhadores. Para mim era uma festa assistir a tudo isto, não avaliando ainda quanto custava ter na mesa o alimento essencial que é o “Pão-nosso de cada dia”

Importa, pois, valorizar o PÃO que nos chega à mesa, que comemos e nos sacia a fome que temos. Não esquecendo a simbologia do DIVINO!.. Para além do trabalho e das canseiras que a colheita do mesmo implica, que muitas pessoas desconhecem e outras esquecem, devemos ter em conta a quantidade que, tantas vezes, desperdiçamos, ao mesmo tempo que milhões de seres humanos nem uma migalha têm para se alimentarem.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR