Esta semana foi marcada por uma maior turbulência económica, com a queda do Sillicon Valley Bank, com a “possível” queda do Crédit Suisse e um novo aumento de 50 pontos base na Euribor, além dos tópicos já habituais da inflação e do conflito na Europa. Os alarmes soam um pouco por todo o mundo, com receios de maior instabilidade e impactos na economia.

No setor do imobiliário, o sentimento é, ainda que com algum otimismo, obviamente cauteloso, conforme pudemos ver no MIPIM, a maior feira de imobiliário do mundo, que terminou agora em Cannes. Apesar destes fatores macroeconómicos que aumentam a volatilidade das economias, os investidores imobiliários continuam bastante ativos na procura de oportunidades, como se viu pela elevada afluência desta comunidade ao MIPIM, com o número de visitantes a crescer cerca de 15% este ano.

O imobiliário é um tipo de ativo que se destaca pela sua segurança e por uma relação risco/retorno muito atrativa, enquanto aumenta a pressão de investir, pois há um volume muito grande de capital à espera de ser aplicado.

Esta liquidez existente não aplicada é o que apelidamos de dry powder e é um contexto do qual Portugal poderia beneficiar bastante no atual momento. Temos produtos imobiliários de excelente qualidade e mantemos um mercado ocupacional muito dinâmico, com o desequilíbrio da oferta e da procura a sustentar a trajetória ascendente de preços e rendas nos mais diversos tipos de imóveis. Além disso, uma das questões que mais tem marcado as transações de investimento imobiliário a nível global, que é o desencontro de expetativas de preço entre compradores e vendedores, tem sido bem resolvida no nosso mercado.

O trabalho português no MIPIM, para evidenciar as qualidades do nosso mercado, foi bem feito. Tivemos provavelmente a maior representação de profissionais e empresas de que há memória, uma agenda muito dinâmica e um esforço para fazer brilhar e divulgar o nosso país, incluindo numa perspetiva das macro-regiões. Até nos prémios desta feira, os Mipim Awards, tivemos representação, com o projeto Fuse Valley entre os concorrentes finalistas. É um motivo de orgulho para todo o setor, comprovando a qualidade do nosso mercado e o seu reconhecimento externo.

A indústria faz o seu trabalho, contudo… há um senão: as medidas governamentais portuguesas que estão em cima da mesa, a aplicar ao setor residencial, e que acabam por impactar todo o imobiliário, estão a fazer eco lá fora. O fim dos Vistos Gold, os limites impostos às atualizações das rendas e a fixação de tetos de rendas em novos contratos, ou a intenção de impor modelos de arrendamento coercivo, foram várias vezes citados pelos investidores internacionais, e são uma clara ameaça à credibilidade e atratividade do nosso país enquanto destino de investimento, o que é de facto, lamentável. Portugal poderia ser um alvo preferencial desta “pólvora” (dry powder) que está parada e à espera de ser investida.

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