Numa coisa estão de acordo: 5.000 euros por mês não é uma quantia “milionária”. Esta terça-feira, tanto Alexandre Soares dos Santos como Marinho e Pinto falaram sobre rendimentos e fizeram declarações que geram controvérsia.
“Não há ninguém que vá trabalhar com gosto ganhando pouco. E o salário mínimo nacional de 500 ou 520 euros não dá para nada”. As declarações são de Alexandre Soares dos Santos que esteve nesta terça-feira na apresentação da Nova School of Business and Economics – que conta com apoio da Jerónimo Martins – em Carcavelos, onde criticou o Governo e as políticas salariais.
Em resposta aos jornalistas, o empresário afirmou: “Vocês têm muita culpa quando escrevem ou dizem, reforma milionária de 5.000 euros. Onde é que isso é milionário? E quanto é que fica para a pessoa?”. Soares dos Santos concluiu dizendo que “está tudo muito contente neste país. Porque somos miseráveis e gostamos de ser miseráveis.”
Durante a intervenção que fez no evento, Alexandre Soares dos Santos já tinha desvalorizado as negociações na concertação social para o aumento do salário mínimo nacional, defendendo que deve ser cada empresa a definir o montante de ordenado. “Cada companhia deve pagar de acordo com o que pode”, justificou.
Soares dos Santos disse, também, que “não acredita” nos acordos para o aumento do salário mínimo, que têm estado a ser negociados no âmbito da concertação social. Defendeu ainda a importância do papel dos sindicatos para evitar ou impedir o pagamento de salários muito baixos. Criticou ainda a “elevada” carga fiscal sobre os salários.
Sobre o Novo Banco não quis fazer comentários alegando “não ter conhecimento de nada”, mas disse que os problemas da instituição têm “impacto” na economia e já são sentidos pelos empresários em dificuldades para obter crédito”. Soares dos Santos lamentou ainda a perda de um banco como o Banco Espírito Santo (BES).
O ex-bastonário da Ordem dos Advogados e atual eurodeputado, Marinho e Pinto, por seu lado, defendeu, em entrevista à Rádio Renascença, que o salário que recebia como bastonário de 4.800 euros não era muito. “Acho que não permite grandes coisas. Não permite ter padrões de vida muito elevados em Lisboa”, disse.
Já sobre o salário de deputado, de 3.515 euros, considera que “não é digno”. “Digo-o perfeitamente. Assim como digo que aquele salário de 18 mil euros [dos eurodeputados] é obsceno, este é indigno”, afirmou.