Astrónomos detetaram a presença de vapor de água na atmosfera de um planeta fora do Sistema Solar, do tamanho de Neptuno, informaram as agências espaciais europeia ESA e norte-americana NASA, em comunicado. Trata-se do exoplaneta (planeta fora do Sistema Solar) mais pequeno e frio no qual tal sinal vital foi medido.
Vapor de água, assim como uma abundante quantidade de hidrogénio, foram encontrados na atmosfera do HAT-P-11b, que, apesar de ser um dos planetas extrassolares mais pequenos, tem quatro vezes o tamanho da Terra.
O exoplaneta localiza-se na constelação Cisne e orbita a sua estrela, cuja temperatura ronda os 600.ºC, a 120 anos-luz da Terra. O HAT-P-11b demora apenas cinco dias a completar uma volta em torno da sua estrela (a Terra leva um ano a finalizar uma volta em redor do Sol). As atmosferas são consideradas uma boa fonte de informação sobre a formação dos planetas e um guia sobre o que se passa à sua superfície. Contudo, até agora, os cientistas tinham sido apenas capazes de escrutinar a atmosfera de grandes exoplanetas, gigantes abrasadores de gás semelhantes, ou mesmo maiores, a Júpiter. Neptuno, o planeta do Sistema Solar mais afastado do Sol, tem perto de um terço do tamanho de Júpiter.
Na sua investigação, cujos resultados são publicados esta quarta-feira na edição digital da revista Nature, uma equipa de astrónomos socorreu-se dos telescópios espaciais Hubble, da ESA e da NASA, Spitzer e Kepler, também da NASA, para estudar, usando a técnica da transmissão espectroscópica, combinada com observações no infravermelho, a atmosfera do HAT-P-11b, quando este passava em frente da sua estrela. Os cientistas estavam convictos de que diferentes gases absorvem a luz em distintas ondas de rádio (tipo de radiação eletromagnética). Se moléculas como vapor de água estão presentes na atmosfera, absorvem parte da luz da estrela, deixando distintas marcas na luz que chega aos telescópios.
O estudo, conduzido por uma equipa coordenada pelos astrónomos Drake Deming e Jonathan Fraine, da Universidade de Maryland, nos Estados Unidos, poderá abrir caminho para a eventual descoberta de moléculas de água na atmosfera de pequenos e rochosos planetas, parecidos com a Terra. Para os astrónomos, a descoberta de céus sem nuvens na atmosfera de um planeta do tamanho de Neptuno pode ser um sinal de que pequenos planetas possam ter igualmente boa visibilidade, permitindo descortinar novos dados sobre eles.
Os cientistas planeiam aplicar a metodologia usada para o caso do HAT-P-11b a super-terras, planetas rochosos e massivos, “primos” da Terra, com uma massa dez vezes maior do que o “planeta azul”. O telescópio espacial James Webb, da ESA e da NASA, cujo lançamento está previsto para 2018, vai procurar sinais de vapor de água e outras moléculas nas super-terras.