O Presidente da República recebe esta sexta-feira de manhã António Costa, num encontro que acontece por “convergência de vontades” entre as duas partes, segundo fonte de Belém é que é citada pela agência Lusa. O próprio Costa confirmou já ter pedido a audiência, repetindo a expressão “convergência de vontades”.

Segundo apurou o Observador, há pelo menos um tema específico que o Presidente leva para a reunião: o Orçamento do Estado para 2015, que o Conselho de Ministros vai discutir no sábado e que terá de ser entregue na Assembleia no próximo dia 15.

Há um contexto importante a recordar neste caso: no discurso com que marcou as celebrações do 10 de junho, no início da crise interna do PS, Cavaco Silva marcou uma data para que existisse um consenso de médio prazo entre as principais forças políticas:

“O tempo de diálogo que se estende agora até à discussão do Orçamento do Estado será o mais indicado para que as forças políticas caminhem no sentido da concretização do direito à esperança dos portugueses, numa perspetiva temporal mais ampla, situada para além das vicissitudes partidárias ou de calendários eleitorais”, disse o Presidente.

Nessa altura, o Presidente disse que Portugal não pode “adiar por mais tempo um entendimento partidário de médio prazo sobre uma trajetória de sustentabilidade da dívida pública e sobre as reformas indispensáveis ao reforço da competitividade da economia”. Porque adiar, disse Cavaco “é um risco pelo qual os Portugueses poderão vir a pagar um preço muito elevado”.

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Agora, no discurso na Câmara de Lisboa, feito no 5 de outubro e já com António Costa ao seu lado, na pele de candidato escolhido do PS às legislativas, o apelo voltou:

“Quem não for capaz de alcançar os compromissos necessários a uma governação estável, poderá alcançar o poder, mas dificilmente terá a garantia de o exercer por muito tempo”.

Um dia antes, sábado, o Público escrevia que era certo o voto contra do PS no último Orçamento desta legislatura. E Eduardo Cabrita, deputado do PS e apoiante de Costa, confirmava a intenção ao Económico: “É mais provável este Governo cair antes de apresentar o Orçamento do Estado para 2015, do que o PS não votar contra esse OE”. Costa já veio a público pausar a discussão. Disse que era cedo para falar, porque o documento ainda nem existia. E hoje mesmo, na reunião com os deputados do PS na AR, fez uma crítica mais procedimental — ainda que ficando claro que o PS não tenciona fazer mais do que a oposição ao documento e ao Governo:

Costa prometeu “avaliar o Orçamento quando ele for apresentado” e disse que o importante é “saber quando é que o Governo conclui este OE. Acho que é um mau sinal sobre a estabilidade do país e sobre a intranquilidade que existe e mostra a dificuldade que o Governo tem de conseguir produzir um orçamento. É mais uma demonstração de que o Governo se encontra esgotado nas suas funções, que tinha como único programa executar o programa da troika e que, aqui chegado, nada mais tem a dizer ao país para concluir esta legislatura”.

A audiência de António Costa com Aníbal Cavaco Silva está marcada para as 10h30, no Palácio de Belém, à mesma hora em que decorre o debate quinzenal na Assembleia da República. É aliás o primeiro frente a frente de Passos Coelho com a nova liderança parlamentar do PS, agora comandada por Eduardo Ferro Rodrigues.