Uma das queixas mais comuns sobre as redes sociais é que disponibilizam informação filtrada. Isto é, a ideia de que o universo de amigos que escolhemos (bem como as contas em plataformas como Twitter ou Facebook) reduz a nossa perspetiva do mundo. Um novo estudo vem contrariar essa realidade ao explicar que as redes têm o condão de fazer com que as pessoas fiquem mais moderadas quando o assunto em questão é a política.
As descobertas são da autoria de Pablo Barberá, da Universidade de Nova Iorque, que estudou perto de 38 milhões de utilizadores da rede social Twitter de três países — Estados Unidos da América, Espanha e Alemanha. Nele, Barberá determinou quais as afiliações políticas das pessoas com base nas figuras e partidos políticos que seguiam, mas também nos media. De seguida, analisou a rede de cada um dos envolvidos e descobriu que os participantes apresentavam ideias mais “diversificadas” do que o esperado.
A conclusão a reter é a seguinte: as redes sociais encorajam ligações entre pessoas com laços mais fracos. Em causa não estão apenas os amigos próximos, mas também colegas de escola e/ou de trabalho e até conhecidos dos conhecidos. Resultado? Esses indivíduos tendem a ser “politicamente mais heterogéneos”, ao invés das redes pessoais imediatas dos cidadãos, o que faz com que fiquem expostos a mais perspetivas, diz o estudo. Por outras palavras, as redes sociais são tão grandes que os utilizadores entram em contacto com quem está fora do seu círculo imediato (este que tende a ser composto por pessoas que pensam de forma idêntica).
Com o tempo, a exposição à diversidade política origina mais discussões e desafios à forma de pensar de uma pessoa, o que resulta numa moderação mensurável, escreve o site Fast Company. Segundo Barberá, “Ao contrário do senso comum, a minha análise providencia evidências de que o uso das redes sociais reduz a polarização política em massa”. O site Nieman Lab explica, no entanto, que este não é o único estudo a defender uma mesma ideia.
Barberá diz ainda que nos Estados Unidos apenas uma pequena quantidade de diversidade é precisa para que as pessoas sejam mais moderadas (15%), ao contrário da Alemanha e da Espanha (35%). Ainda assim, os três países têm uma coisa em comum: a maioria dos utilizadores tem redes sociais diversas o suficiente para que se tornem mais moderados com o passar do tempo.