O antigo embaixador português no Brasil (2005-2009) e em França (2009 -2013), Francisco Seixas da Costa, considerou um “escândalo” o modelo de atribuição das estrelas Michelin. Em causa está o facto de a “esmagadora maioria dos inspetores” envolvidos na seleção do guia ser de nacionalidade espanhola, o que na sua opinião justifica a discrepância entre o número de restaurantes galardoados – 169 espanhóis contra 14 portugueses. No total foram distribuídas 17 estrelas para Portugal (3 restaurantes lusos com 2 estrelas e os restantes com apenas uma) e 203 estrelas para Espanha (oito restaurantes espanhóis com três estrelas, 18 com duas e 143 com uma estrela).
“Há um escândalo – e meço a palavra – que urge notar e que as autoridades turísticas portuguesas deveriam empenhar-se em denunciar: nenhum dos inspetores que o “Guide Michelin” enviou aos nossos restaurantes é de nacionalidade portuguesa, sendo que a esmagadora maioria são espanhóis”, pode ler-se no blogue “duas ou três coisas”, da autoria do antigo embaixador e diplomata português, que foi também representante de Portugal na ONU e na UNESCO.
Francisco Seixas da Costa fez questão de sublinhar que “não está em causa a grande qualidade da restauração espanhola”, mas questionou: “Alguém acha normal que Portugal tenha apenas 14 restaurantes “estrelados” (e nenhum com três estrelas) e a Espanha bem mais do que decuplique esse número, com 169?!”. E considera “inaceitável que, ano após ano, esta situação discriminatória se prolongue, sem uma reação da nossa parte”.
A edição de 2015 do Guia Michelin foi apresentada esta quarta-feira, em Marbelha, e foram reconhecidos 14 restaurantes portugueses, um número recorde – três deles tiveram mesmo direito a duas estrelas. Ainda assim, nenhum dos restaurantes recebeu a distinção máxima do “guia vermelho” de três estrelas Michelin – em Espanha foram oito os merecedores desse galardão.