A NASA anunciou esta quinta-feira a descoberta de uma “super-Terra”. O exoplaneta foi detetado pelo Kepler, o telescópio espacial da agência norte-americana, e tem cerca de 32 mil quilómetros de diâmetro, ou seja, é duas vezes e meia maior e tem uma massa 12 vezes superior à do planeta Terra. Os resultados foram aceites para publicação na revista The Astrophysical Journal.

Os cientistas, que incluem o português Pedro Figueira do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA), já avisaram porém que o planeta HIP 116454 b, como foi designado, não tem condições para suportar vida. Localizado na direção da constelação de Peixes, a 180 anos-luz da Terra, esta “super-Terra” está a apenas a menos de um décimo da distância da estrela que lhe deu o nome, quando comparado com a distância entre nós e o Sol.

“Este é um importante resultado pois mostra que o satélite Kepler, através da missão K2, continua a poder fazer ciência do mais alto nível. É também mais um planeta rochoso a juntar-se à lista, mas bem maior e mais massivo que a Terra”, Pedro Figueira, Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço

Consoante as medidas de massa e densidade, os astrónomos definirão se se poderá tratar de um planeta rochoso, um planeta oceânico (water world, em inglês), com uma superfície completamente coberta por água, ou um “mini-Neptuno”, com um pequeno núcleo e uma atmosfera gasosa. “A missão Kepler mostrou-nos que os planetas maiores do que a Terra e mais pequenos do que Neptuno são comuns na galáxia, mas estão ausentes o nosso sistema solar”, disse em comunicado da NASA Steve Howell, o cientista responsável pelo projeto Kepler/K2 na Centro de Investigação Ames da NASA, em Moffett Field, na Califórnia (Estados Unidos).

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A missão do telescópio espacial Kepler começou a 7 de março de 2009 e tinha como objetivo analisar várias estrelas e detetar eventuais planetas que orbitassem em torno delas, refere o comunicado de imprensa do IA. Uma medição tão precisa que exigia um alinhamento perfeito entre o telescópio e a estrela. Todavia, no início de 2013, uma das rodas de reação que estabilizam o satélite e o telescópio Kepler – batizado em honra do astrónomo alemão Johannes Kepler – deixou de funcionar e obrigou os cientistas a reajustarem os planos, numa missão a que chamaram K2 – em vez de se alinhar com a estrela, agora o satélite apontado para a linha da eclíptica (uma linha imaginária no nosso céu que o Sol aparentemente se move ao longo do ano).

“[A missão] K2 está posicionada de forma a alterar de forma dramática a nossa compreensão sobre estes munds alienígenas e ajudar a definir a fronteira entres os planetas rochosos como a Terra e os planetas gigantes gelados como Neptuno”, concluiu Steve Howell.

Atualizado às 21:15