A Portugal Telecom SGPS poderá vir a assegurar a compra de até 20% na PT Portugal, no quadro da venda aos franceses da Altice. A informação é avançada esta segunda-feira pelo Expresso. O Observador entretanto confirmou que estará em causa uma opção de compra para exercer no futuro, caso a Altice consiga concretizar a compra da PT Portugal.

Segundo o Expresso, a concretização desta opção de compra a favor da PT SGPS deverá ser votada este semana no conselho de administração da empresa, uma reunião que poderá ocorrer esta quarta-feira. A proposta, que terá sido apresentada pela gestão liderada por João Mello Franco e apoiada por acionistas de referência, teria de ficar consolidada no conselho de administração para poder ser apresentada na assembleia geral da segunda-feira da próxima semana onde se vota a venda da PT Portugal.

O grupo francês já tinha manifestado abertura para abrir o capital da PT Portugal até 20% a investidores nacionais, mantendo sempre o controlo.

Ainda de acordo com o Expresso a concretização desta compra poderia ser financiada com a venda de ações da Oi detidas pela PT SGPS. A proposta de venda da PT Portugal à Altice por 7400 milhões de euros é feita pela operadora brasileira que pretende usar a receita no processo de consolidação no Brasil.

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Contactada fonte oficial da PT SGPS declinou comentar a notícia. Não foi possível obter, para já, um comentário da Altice.

CMVM pede divulgação dos pareceres que questionam venda da PT Portugal

Entretanto, a PT SGPS terá de divulgar mais informação aos acionistas antes destes votarem a venda da PT Portugal no dia 12 de janeiro. Nessa informação estão incluídos os pareceres jurídicos que sustentam que a venda da operação portuguesa representa o incumprimento dos acordos de fusão com a Oi.

Em resposta ao Observador, fonte oficial da Comissão de Mercado de Valores Mobiliários realça que a CMVM entende “que toda a informação relevante deve ser disponibilizada aos acionistas de forma completa, rigorosa, clara e tempestiva, de modo a permitir-lhes fundamentar devidamente a sua posição face à proposta da agenda da assembleia-geral da Portugal Telecom”.

Segundo informação já parcialmente divulgada, os pareceres jurídicos pedidos pela administração da PT SGPS que fundamentam o recurso à convocação de uma assembleia geral para votar a venda da PT Portugal, dão também argumentos jurídicos à empresa para contestar a alienação pela parceira brasileira do negócio em Portugal. Mas tudo indica que a PT SGPS e os acionistas de referência preferem não avançar com uma guerra jurídica contra a Oi, dando prioridade a um acordo com a Altice que lhes devolva algum poder na PT Portugal.

Auditoria aos investimentos da PT no GES entregue esta semana

A semana que antecede a assembleia geral mais decisiva da PT promete ser muito agitada. Nos próximos dias, provavelmente já esta terça-feira, será entregue à CMVM a auditoria independente pedida pela PT à PricewaterhouseCoopers sobre os investimentos da operadora no Grupo Espírito Santo (GES). Desde setembro de 2014 que a CMVM pede esta auditoria à PT e à Price, mas apesar do documento já estar na posse da empresa portuguesa há algumas semanas, só agora estará em condições de ser entregue a versão final autenticada.

Esta auditoria surgiu na sequência do investimento de 897 milhões de euros da PT na Rioforte, holding não financeira do GES que está em processo de insolvência. A perda deste investimento levou a uma revisão dos acordos de fusão com a Oi, reduzindo o poder da empresa portuguesa no novo grupo. No limite, foi este investimento que desencadeou a venda da PT Portugal.

Esta terça-feira, a comissão parlamentar de inquérito aos atos de gestão do Banco Espírito Santo (BES) e GES ouve o presidente da Rioforte, João Pena.