Quase metade dos europeus que integram as fileiras ‘jihadistas’ na Síria e no Iraque são franceses, revela um relatório, precisando que o número de cidadãos franceses que partiram para estes territórios ronda os 1.500.

O relatório, da responsabilidade do Senado francês, refere que este número de saídas representa um aumento de 84% em relação a janeiro de 2014.

Na apresentação do relatório intitulado “As redes ‘jihadistas’ em França e na Europa”, o senador Jean-Pierre Sueur sublinhou que entre os cerca de 3.000 ‘jihadistas’ europeus identificados nas regiões controladas pelo grupo extremista Estado Islâmico (EI), quase metade, cerca de 47%, são cidadãos franceses.

O senador admitiu que nem todos os europeus com ligações ao EI estão identificados.

O mesmo documento revelou que entre os 1.432 franceses identificados, 413 estão efetivamente em zonas de combate, incluindo 119 mulheres.

Outros 261 já deixaram as zonas controladas pelos ‘jihadistas’, dos quais 200 regressaram ao território francês, e outros 85 foram mortos no terreno. Também existe registo de dois cidadãos franceses que estão detidos na Síria.

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Segundo o senador Jean-Pierre Sueur, 152 islamitas radicais estão atualmente detidos em França por “associação criminosa com uma rede terrorista”.

Para “prevenir a radicalização”, o relatório do Senado francês recomenda “o estabelecimento de ações obrigatórias de formação para a deteção de comportamentos de radicalização para todos os elementos no terreno”, ações que podem englobar, entre outros intervenientes, professores, conselheiros educacionais, educadores ou magistrados da área do Direito da Família.

O documento sugere igualmente integrar nos programas escolares uma formação específica sobre os conteúdos de radicalização divulgados na Internet.

Para “melhorar o controlo de fronteiras na União Europeia (UE)”, o relatório recomenda também, entre outras medidas, o aumento do policiamento aéreo e a constituição de “um corpo de guardas fronteiriços europeus”.

Em Portugal, o Relatório Anual de Segurança Interna (RASI) de 2014, entregue no passado dia 31 de março na Assembleia da República, indicou que existe “uma tendência de participação” de alguns portugueses em atividades de redes terroristas como combatentes e no recrutamento e encaminhamento de elementos para a Síria e Iraque.

“A região síria-iraquiana confirmou-se em 2014 como principal palco da ‘jihad’ internacional, particularmente na sequência da ascensão regional do grupo Estado Islâmico e do elevado contingente oriundo da Europa a combater naquela região, entre os quais se contam alguns cidadãos portugueses e luso-descendentes”, referiu então o documento.