As eleições presidenciais que se realizam em Portugal no início de 2016 podem ultrapassar, em número de candidaturas, o recorde de oito candidatos a Belém verificado em 1986.
As presidenciais de 1986 foram as mais concorridas da história da democracia portuguesa: este sufrágio registou o maior número de candidatos nos boletins de voto e foi a única vez que houve segunda volta, entre Freitas do Amaral e Mário Soares.
Trinta anos depois, e nos últimos meses, são já mais de uma dezena os nomes falados como ‘presidenciáveis’.
Até agora, apenas o empresário e ex-deputado do PS Henrique Neto apresentou formalmente, no Padrão dos Descobrimentos, em Lisboa, a sua candidatura à Presidência da República, sem o apoio de partidos ou notáveis.
Na próxima semana, será a vez do antigo vice-presidente da Câmara do Porto Paulo Morais apresentar a candidatura e linhas programáticas, na cidade invicta.
O semanário Expresso avançou a 03 de abril que o ex-reitor da Universidade de Lisboa António Sampaio da Nóvoa irá avançar com uma candidatura presidencial e com o apoio do histórico socialista Mário Soares. Um dia depois, em entrevista ao Jornal de Notícias, Sampaio da Nóvoa prometeu que clarificaria a sua posição até final de abril.
A possibilidade da candidatura de Sampaio da Nóvoa ter o apoio oficial do PS suscitou controvérsia dentro do partido, com alguns socialistas a manifestarem a sua oposição e outros defenderem antes uma candidatura do ex-presidente da Assembleia da República Jaime Gama.
Na última sexta-feira, aquele que chegou a ser considerado consensual para os socialistas — o ex-primeiro-ministro António Guterres – afastou publicamente essa hipótese dizendo que não é “candidato a candidato”.
Ainda na área do PS, outros nomes falados, sem que os próprios se tenham excluído, foram os de António Vitorino e de Maria de Belém.
Mais à esquerda, do lado do PCP, os comunistas deverão apresentar um candidato presidencial próprio, ainda não tornado público. O ex-secretário-geral da CGTP Carvalho da Silva já manifestou disponibilidade para avançar com uma candidatura presidencial.
No centro-direita, ainda não há qualquer candidato assumido, embora os nomes mais falados sejam há muito os do ex-líder do PSD Marcelo Rebelo de Sousa — que aponta outubro como o ‘timing’ para os candidatos aparecerem -, o ex-presidente da Câmara Municipal do Porto Rui Rio e o ex-primeiro-ministro Pedro Santana Lopes.
Na votação de 1986, que elegeu Mário Soares como chefe de Estado, constavam as únicas mulheres que até hoje concorreram a Belém, Carmelinda Pereira e Maria de Lurdes Pintasilgo.
Os restantes candidatos à Presidência da República foram Freitas do Amaral, Francisco Salgado Zenha, Ângelo Mendes Veloso, Luís Carlos Franco e Álvaro Ricardo Nunes.
A corrida a Belém de 1980 foi a segunda com mais candidatos. Eram sete os pretendentes à Presidência da República: António Soares Carneiro, António Pires Veloso, Otelo Saraiva de Carvalho, Carlos Galvão de Melo, Carlos Alfredo de Brito, António Aires Rodrigues e Ramalho Eanes, o vencedor.
Mas a história das eleições contou também com anos em que os candidatos andavam à volta de uma dezena, mas nem todas as candidaturas acabaram por ser aprovadas pelo Tribunal Constitucional (TC).
As eleições de 2001 e 2011 tiveram nove candidatos, porém, após uma verificação de candidaturas, o TC admitiu apenas cinco nomes nos boletins de voto em 2001 e seis em 2011, segundo os dados da Comissão Nacional de Eleições.
No sufrágio de 2001, os candidatos foram Garcia Pereira, Joaquim Ferreira do Amaral, Fernando Rosas, António Abreu e Jorge Sampaio.
Os cinco candidatos às últimas presidenciais, em 2011, foram Cavaco Silva, Defensor de Moura, Francisco Almeida Lopes, José Manuel Coelho, Manuel Alegre e Fernando Nobre.
Em 2006, eram 13 os candidatos, entre os quais três mulheres (Maria Teresa Lemos Lameiro, Carmelinda Pereira e Maria Sousa Magno), mas apenas seis chegaram à votação e todos homens: Garcia Pereira, Francisco Louçã, Manuel Alegre, Jerónimo de Sousa, Mário Soares e o atual Presidente da República Cavaco Silva.
Foi em 1991, quando Mário Soares venceu o segundo mandato, e em 1996, na primeira vitória presidencial de Jorge Sampaio, que apenas quatro pessoas se candidataram às presidenciais.
Em 1991 os candidatos eram Basílio Horta, Mário Soares, Carlos Carvalhas e Carlos Marques da Silva, enquanto em 1996, candidataram-se Jerónimo de Sousa, Alberto Cunha Matos, Cavaco Silva e Jorge Sampaio.
Nas primeiras eleições presidenciais, em 1976, eram cinco os candidatos: Pinheiro de Azevedo, Octávio Pato, Venceslau da Cruz, Otelo Saraiva de Carvalho e o primeiro Presidente da República após o 25 de Abril de 1974, Ramalho Eanes.