O primeiro-ministro afirmou a clientes lesados do Banco Espírito Santo (BES) que a solução para o problema de quem fez aplicações em papel comercial emitido por empresas do Grupo passará por uma auditoria externa que permita identificar quem foi alvo de burla e quem, como os investidores institucionais, tinha a obrigação de conhecer os riscos que estavam em causa. As afirmações de Pedro Passos Coelho são citadas pelo Jornal de Notícias que falou com um dos nove participantes numa reunião entre subscritores daqueles títulos de dívida e o líder do Governo ocorrida no sábado, em Barcelos.
Passos Coelho ter-se-á mostrado, de acordo com os relatos, “preocupado e sensibilizado” para o problema, mas terá esclarecido que se trata de uma questão sobre a qual o Governo não tem capacidade direta de intervenção, já que se encontra na esfera de atuação dos reguladores do mercado, a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) e o Banco de Portugal. O primeiro-ministro lamentou que não tenha havido acordo entre estas duas entidades e alertou que, se não houver rigor jurídico, o Novo Banco pode vir a ser forçado a pagar centenas de milhões de euros a investidores institucionais.
A CMVM tem defendido que o Novo Banco deve assumir responsabilidades no reembolso dos valores investidos aos balcões do BES em papel comercial de empresas do GES. O Banco de Portugal considera que essa responsabilidade tem de ser assumida pelo BES, já que colocaria em causa a situação financeira do Novo Banco, instituição que está em processo de venda, com cinco candidatos selecionados para apresentarem propostas vinculativas até ao final de junho de 2015.