Angela Merkel afirmou neste sábado que a Alemanha tem o dever de lidar de com “sensibilidade” com o tema da era Nazi, a propósito da discussão sobre a pretensão da Grécia de receber reparações de guerra pela ocupação alemã do país durante a Segunda Guerra Mundial. “Não podemos apagar a História”, afirmou a chanceler alemã nas vésperas do septuagésimo aniversário do fim do conflito na Europa, que se assinala a 8 de maio, acrescentando, segundo a Bloomberg: “assistimos a este debate na Grécia e noutros países europeus e nós, alemães, temos especial responsabilidade para tratar de forma consciente, sensível e bem informada aquilo que fizemos sob o Nazismo”.

Merkel manifestou compreensão pelas “feridas duradouras” causadas pelo regime Nazi na Europa, mas foi contida quanto ao pedido de Atenas para receber indemnizações de guerra, afirmando que a tarefa que tem de ser enfrentada é a de travar o crescimento da dívida. Adiantou, também, que a questão ficou resolvida quando da reunificação da Alemanha, em 1990.

As afirmações da chanceler surgem no dia em que o presidente da Alemanha mostrou simpatia pelas pretensões gregas. Numa entrevista publicada no jornal germânico Sueddeutsche Zeitung, Joachim Gauck disse que o Governo de Angela Merkel deveria ter em conta as responsabilidades históricas do país perante a Grécia. “Não somos apenas um povo que vive nos dias de hoje, somos também os descendentes daqueles que deixaram para trás um trilho de destruição na Europa” durante o segundo grande conflito mundial, “na Grécia, entre outros locais”. E acrescentou: “A coisa certa a fazer para um país consciente da sua história é a de considerar que possibilidades haverá para pagar reparações” de guerra.

O governo grego pede 278,7 mil milhões de euros em indemnizações pela ocupação Nazi. No país há quem culpe a Alemanha, o maior credor da Grécia, pelas medidas duras de austeridade que foram impostas em troca dos dois resgates de que o país foi alvo, através de empréstimos cedidos pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), Banco Central Europeu (BCE) e Bruxelas, no valor total de 240 mil milhões de euros.

A líder alemã estará a 10 de maio em Moscovo para se juntar a Vladimir Putin numa homenagem aos soldados que faleceram durante a Segunda Guerra e, sobre esta visita, declarou que “apesar das profundas diferenças de opinião”, nomeadamente em relação ao conflito em curso na Ucrânia, será “importante” participar com o presidente da Rússia na cerimónia.

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