A ministra das Finanças afirmou na segunda-feira, em Rio Maior, que uma Constituição “muito detalhada” como é a portuguesa deve ser atualizada para acompanhar a evolução da sociedade. Maria Luís Albuquerque, que falava numa conversa com militantes sociais-democratas do distrito de Santarém, disse que esta não é, neste momento, a principal preocupação dos portugueses, mas é um tema importante “que também deve ser discutido”.

Questionada por um militante, a ministra lembrou que a Constituição portuguesa já sofreu algumas revisões, mas, disse, “contém ainda elementos que precisam de evoluir”. “A nossa Constituição é muito detalhada e uma Constituição que tem muitos detalhes fica mais facilmente desfasada da evolução da sociedade”, disse, frisando que, sendo um instrumento fundamental no enquadramento da atuação política, “é bom que possa ser atualizada para acompanhar essa evolução”.

Numa conversa em que começou por falar do “percurso penoso” dos últimos quatro anos, a ministra advertiu que “um passo em falso pode deitar a perder anos de trabalho” – cujos resultados, disse, começam a ser visíveis -, sendo, por isso, preciso “explicar aos portugueses porque têm que ser cautelosos”.

Em “altura de balanços” e com as eleições no horizonte, Maria Luís Albuquerque fez questão de “olhar em frente”, para “perspetivar os próximos quatro anos”, que, disse, “vão ser decisivos para a geração que vem a seguir”. Esperando que os portugueses estejam “disponíveis para ouvir”, a ministra explicou por que razão os próximos quatro anos são fundamentais para que o país tenha resultados consolidados e margem para, num cenário de dificuldade, não ter que pedir “os mesmos sacrifícios dos últimos quatro anos”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“Se cairmos na tentação, nos próximos quatro anos, de dizer que há facilidades e que se consegue recuperar muita coisa muito rapidamente, então poderemos ter uma situação verdadeiramente trágica. Porque aquilo que foi conseguido ainda não está suficientemente sólido e é preciso continuar a trabalhar”, declarou.

Questionada sobre o que poderá acontecer a Portugal se a situação na Grécia “não correr bem”, a ministra afirmou que uma saída da União Europeia e da zona euro seria “sobretudo gravosa para o povo grego”. “Temos que continuar a fazer um esforço sério para evitar que isso aconteça, sendo que a bola está no campo da Grécia. Cabe mais à Grécia conseguir esse resultado positivo”, declarou.

Maria Luís Albuquerque afirmou ser “difícil, senão quase impossível, saber ao certo o que pode acontecer” a Portugal, frisando que o cenário de saída do euro não está previsto “sequer juridicamente nos tratados”. “É difícil saber como reagem os mercados, que impacto tem na confiança, e por essa via na economia”, disse.