O ministro da Presidência e dos Assuntos Parlamentares, Luís Marques Guedes, anunciou esta quinta-feira, após reunião do Conselho de Ministros, que Carlos Costa foi reconduzido como governador do Banco de Portugal. A indigitação passará, ainda, por uma audição parlamentar que o ministro recusa que seja um “mero pro forma“. Mas Carlos Costa é o nome do governo, que elogia a “alteração de paradigma” promovida por Carlos Costa no Banco de Portugal.

Carlos Costa é a escolha do Conselho de Ministros para liderar o Banco de Portugal, renovando o mandato iniciado em junho de 2010. Em conferência de imprensa esta quinta-feira em Lisboa, Luís Marques Guedes, diz que apesar das situações que correram menos bem na supervisão bancária nos últimos anos, como demonstrou o relatório da Comissão de Inquérito, nos últimos anos houve uma “atuação fundamental para que as coisas tivessem decorrido como decorreram, que os contribuintes não ficassem responsáveis, como no passado, pela gestão ruinosa que terá havido“, numa alusão ao colapso do BES.

Marques Guedes elogiou Carlos Costa pela “alteração de paradigma”, constatada pela Comissão de Inquérito, e, numa “opinião pessoal”, Marques Guedes diz que Carlos Costa demonstrou “uma atitude de grande coragem” evitando que “uma situação que nunca se tinha verificado no sistema financeiro” colocasse sob a responsabilidade dos contribuintes “a gestão ruinosa que terá acontecido”.

O governo indigitou o nome de Carlos Costa para ser submetido à audição parlamentar que levará a que esta indigitação seja confirmada. Ainda assim, Marques Guedes garante que esta audição não será um “mero pro forma“.

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O governo faz um “apreciação que é claramente positiva do trabalho do governador nos últimos cinco anos“. “O atual governador não foi uma escolha por este governo, mas é indiscutível que a sua atuação à frente do Banco de Portugal é uma atuação globalmente positiva e que, claramente, permitiu uma ação de supervisão como não tinha havido nos anos anteriores”, afirmou Luís Marques Guedes.

Carlos Costa “tem o perfil e o conhecimento adequados para continuar o trabalho que começou há cinco anos”, afirmou Marques Guedes.

A recondução de Carlos Costa para liderar o supervisor surge um dia depois de o governador do Banco de Portugal ter estado durante mais de quatro horas na Assembleia da República a fazer um balanço do mandato à frente da instituição, ignorando as perguntas sobre a sua recondução.

“O tempo há-de dar tempo [para uma avaliação]. Há uma coisa que está acima de tudo: que é a estabilidade do sistema financeiro. E um governador tem de engolir em seco muita coisa se for necessário para manter a estabilidade do sistema financeiro”, afirmou na quarta-feira Carlos Costa. A recondução do governador é ainda decidida pouco antes de serem conhecidas as recomendações da auditoria interna que o Banco de Portugal promoveu à sua atuação no caso BES.

Antes desta indigitação por parte do governo, o líder do Partido Socialista, António Costa disse-se contra a continuação de Carlos Costa no Banco de Portugal. Em entrevista ao Observador, António Costa criticou a governamentalização do Banco de Portugal, os erros na regulação do sistema financeiro e diz que é preciso um governador “acima” da luta política. E sublinhou que seria “impensável” não ser consultado por Passos sobre o novo governador, sobretudo a poucos meses de eleições.