O presidente do Governo Regional da Catalunha, Artur Mas, assinou esta segunda-feira o decreto a convocar eleições autonómicas na região para 27 de setembro, uma votação que o próprio caracteriza como um “plebiscito à independência”.

O decreto – que leva os catalães às urnas pela terceira vez em cinco anos (2010 e as antecipadas de 2012) – não inclui qualquer referência ao “caráter plebiscitário” das eleições, como as várias candidaturas independentistas têm feito notar nas últimas semanas.

No documento, as eleições antecipadas de 27 de setembro são tratadas apenas como umas eleições autonómicas – (a visão que o Governo central em Madrid tem tentado fazer passar).

Artur Mas explicou que a Catalunha “não está a viver um momento normal”, pelo que estas eleições são “especialmente importantes”.

O “president” da Catalunha não tem tido maiorias sólidas nos últimos anos o que, a juntar à aposta soberanista, levou a que não tivesse terminado nenhuma das duas legislaturas: a primeira teve dois anos de duração (novembro de 2010 a novembro de 2012) e a segunda durou quase três anos (novembro de 2012 a setembro de 2015).

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No seu primeiro mandato, Mas falhou o objetivo de conseguir um pacto fiscal para a Catalunha. Apesar de ter maioria no Parlamento catalão falhou nas negociações com o governo em Madrid.

Na altura, após uma enorme manifestação pela soberania a 11 de setembro de 2012 (algo que se prepara para repetir este ano) avançou para eleições para obter uma grande maioria unida sob a bandeira de celebrar uma consulta sobre um “Estado próprio”.

No entanto, ao contrário do que esperava, Mas não reforçou a sua maioria e até perdeu 12 deputados. Aguentou-se graças à subida da ERC (Esquerra Republicana Catalana).

Também não conseguiu realizar um referendo (com tudo o que implica o termo) a 9 de novembro de 2014, uma vez que contou com a oposição frontal do presidente do governo em Madrid, Mariano Rajoy. Chamou-lhe “processo participativo”, uma definição que o próprio admitiu não ser suficiente para manifestar a vontade do povo catalão.

Assim, interrompe a atual legislatura (que deveria terminar apenas em finais de 2016). No entanto, anunciou as eleições de 27 de setembro ainda em janeiro, com nove meses de antecipação, após um pacto com a ERC e com outras entidades soberanistas.

Estes partidos consideram a votação uma “consulta definitiva” com “caráter político plebiscitário” sobre a independência da Catalunha. O PSC (Partido Socialista da Catalunha), o PPC (Partido Popular da Catalunha), a ICV-EUiA (partido comunista) e o Catalunya Sí que es Pot (Podemos catalão) e o Ciudadanos não o consideram assim.