“Espero que o ressabiamento nervoso da direita passe daqui a uns meses e que então assumam uma postura responsável”. Esta é uma das frases da entrevista de António Costa à Visão, que teve lugar na véspera da moção de censura socialista que fez cair o Governo da coligação PàF de Passos e Portas. À Visão, António Costa diz, também, que se forem necessárias medidas extraordinárias, “o governo não terá a indelicadeza de aprovar iniciativas em hostilidade com os partidos que o apoiam nem espera deles a indelicadeza de alinharem em iniciativas da direita”.

Costa reconhece que o acordo com a esquerda não chegou para que o PCP e o Bloco aceitassem integrar o Governo que espera liderar, se Cavaco Silva o indigitar com primeiro-ministro, mas nem por isso considera diminuída a sua legitimidade. “Não havendo maioria, os governos resultam das negociações partidárias e a melhor demonstração de que quem ganha por poucochinho pode poucochinho, foi precisamente o que aconteceu à PàF…”, disse Costa à Visão no fim do primeiro dia de debate da moção de governo, ou seja, segunda-feira.

Entre as frases que a Visão já tinha adiantado na quarta-feira, Costa diz que existe um consenso na sociedade portuguesa, de empresários a sindicalistas, de que “um governo de gestão seria a pior das soluções para o País”, garante que está pronto para “apresentar o programa do Governo” e a constituição da sua equipa governativa e confirma que o acordo não contempla os orçamentos, que “terão de ser aprovados ao longo da legislatura”. “O compromisso que obtivemos não permite ir mais além, mas estão garantidas condições de estabilidade e governabilidade”, faz questão de sublinhar.

Temos condições para formar governo imediatamente”

António Costa diz que se for indigitado primeiro-ministro irá “responder imediatamente, quer com a apresentação do programa de Governo quer com o elenco governativo”. O líder do PS adianta, também, que “as linhas gerais” estão aprovadas no que diz respeito a um Orçamento do Estado para 2016 e que “cabe ao PS garantir que as medidas sejam compatíveis com o Tratado Orçamental”.

Costa diz, aliás, que “o próprio insuspeito ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schäuble, produziu, esta semana, uma declaração de grande tranquilidade sobre o futuro da situação política portuguesa”. É esta a leitura que Costa faz do facto de o alemão ter dito que está “confiante de que Portugal irá continuar no rumo que tem sido seguido e que tem sido bem sucedido”.

Tendo isso em mente, se houver alterações na conjuntura, António Costa diz que “se for o caso, temos de nos sentar de novo à mesa para negociar” (o Partido Socialista e os partidos à esquerda). Costa diz que “não terá a indelicadeza de aprovar iniciativas em hostilidade com os partidos que o apoiam nem espera deles a indelicadeza de alinharem em iniciativas da direita que obstaculizem a atividade governativa”.

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