Os números sobre Portugal, no que diz respeito às perdas nas pensões de reforma das mulheres que ficam em casa com os filhos entre cinco e dez anos, são dos piores de todos os países que compõem a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento (OCDE). As portuguesas que ficam em casa com os filhos, saindo assim do mercado de trabalho, podem chegar a  perder 21% na altura de se reformar face às mulheres que nunca fizeram essa opção.

O modelo desenvolvido pela OCDE no relatório publicado na terça-feira sobre os sistemas de pensões – que abrange os vários países que fazem parte desta organização, entre eles alguns países da União Europeia, mas também Estados Unidos, Canadá ou Coreia do Sul -, faz projeções sobre as perdas das mulheres que têm filhos e optam por sair do mercado de trabalho entre cinco ou dez anos. Enquanto outros países têm formas de compensar quem faz esta escolha, como acontece na Irlanda, que cobre estas pausas, ou em Espanha, onde estas saídas para quem tem filhos até três anos não entram para a contabilidade final das pensões, esses mecanismos não existem em Portugal.

Não havendo em Portugal qualquer distinção que conte este tempo de saída do mercado de trabalho de forma diferente da inactividade para o cálculo final das pensões, as mulheres portuguesas que recebem um salário médio perdem 10% da pensão caso fiquem cinco anos sem trabalhar para ficarem em casa com os filhos e chegam a perder 21% caso optem por ficar dez anos. Tanto as edições do Público com do Jornal de Notícias dão conta deste relatório, informando ainda que as perdas médias da OCDE num horizonte de cinco anos são de 4% e de dez anos são de 11%. Portugal é mesmo o país da OCDE onde as mulheres mais perdem neste último cenário.

Tanto mulheres com salários baixos, médios e altos são afetadas da mesma forma em Portugal.

Num terço dos países da OCDE, saídas de cinco anos não têm qualquer reflexo na pensão final de uma mulher com filhos, enquanto que as saídas de dez anos para cuidar dos filhos só não afetam as pensões das mulheres na Irlanda, Nova Zelândia, Espanha, Reino Unido, Estados Unidos e Eslovénia

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