Um ex-ministro russo e colaborador do Presidente Vladimir Putin, encontrado morto num hotel em Washington, foi brutalmente agredido na cabeça, pelo que a morte não se deveu a um ataque cardíaco, como se afirmou no início.

Mikhail Lesin, de 57 anos, um ex-ministro da Informação acusado de atacar a liberdade de imprensa na Rússia de Putin, também apresentava ferimentos no pescoço, tronco, mãos e pés, revelou o principal inspetor médico da capital norte-americana, citado na imprensa norte-americana.

O porta-voz de Putin já reagiu hoje que o Kremlin espera que os EUA forneçam “informação oficial detalhada” sobre a morte misteriosa de Lesin, ocorrida em 05 de novembro.

A informação oficial — divulgada mais de quatro meses depois da morte — contradiz informações divulgadas pela imprensa estatal russa, que, citando a família, noticiava que Lesin tinha morrido de um ataque cardíaco.

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A informação agora divulgada também parece apontar para o facto de Lesin ter sido assassinado.

O New York Times reportou que os ferimentos de Lesin resultaram de “algum tipo de altercação” ocorrida antes de regressar ao Dupont Circle Hotel, onde estava hospedado.

A repentina morte de Lesin desencadeou uma série de teorias de conspiração na Federação Russa, mas a polícia de Washington já preveniu que era demasiado cedo para tirar conclusões e sublinhou que o exame da medicina legal tinha concluído que a forma da morte era “indeterminada”.

Lesin ajudou a lançar a rede televisiva RT, de língua inglesa, e alegadamente conseguiu reunir ativos avaliados em milhões de dólares na Europa e nos EUA, incluindo património imobiliário de 28 milhões de dólares (25 milhões de euros) em Los Angeles.

Moscovo, cujas relações com Washington caíram a pique depois das crises na Ucrânia e Síria, exprimiu irritação sobre a forma como o caso estava a ser gerido.

“Não recebemos qualquer informação detalhada através dos canais estabelecidos para lidar com estas situações”, afirmou à imprensa o porta-voz de Putin, Dmitry Peskov, em Moscovo.

Lesin foi ministro da Imprensa, Radio e Televisão entre 1999 e 2004, tendo depois ido para o Kremlin.

Em 2013, tornou-se o chefe da Gazprom-Media Holding, instrumento da empresa estatal de energia Gazprom, e controlou a estação radiofónica liberal Eco de Moscovo.

Lesin resignou um ano depois, invocando razões familiares.

Em 2014, um senador norte-americano, o republicano Roger Wicker, do Estado do Mississippi, apelou à realização de uma investigação a Lesin por suspeita de lavagem de dinheiro e corrupção.

“Que um funcionário público russo possa ter reunido avultados fundos necessários para adquirir e manter esses ativos na Europa e nos EUA levanta sérias questões”, escreveu então Wicker.