O ministro do Turismo da Índia aconselhou as mulheres que visitam o país a não utilizar saias e a não sair à noite sozinhas. “Para a sua segurança, as mulheres estrangeiras não devem usar vestidos curtos nem saias. A cultura indiana é diferente da ocidental”, disse Mahesh Sharma este fim de semana, numa conferência em que apresentou um kit e um panfleto que será distribuído aos turistas, à chegada à Índia, escreve o The Times of India. Sharma tornou a insistir no assunto, ao falar do kit a distribuir aos visitantes: “Há um cartão com a lista do que fazer e não fazer. Coisas básicas como não sair à noite ou não usar saias”, disse o ministro.

A recomendação não caiu bem e levou o ministro a recuar nas declarações, tentando esclarecer o que tinha dito. “Não demos instruções específicas em relação ao que devem ou não vestir. Apenas estamos a pedir-lhes que tenham cautela ao sair à noite. Não estamos a tentar mudar as preferências de ninguém”, explicou o ministro. Sharma tentou ainda justificar com a sua própria família: “Sou pai de duas raparigas. Nunca diria às mulheres o que elas devem ou não vestir“, disse o governante, que classificou uma possível proibição das saias como “inimaginável”. “Mas não é crime ser cauteloso“, concluiu o ministro.

Sharma já tinha estado envolvido numa polémica no ano passado, depois de ter dito que as raparigas não deviam sair de casa à noite. “As raparigas quererem uma noite fora de casa até pode ser correto no resto do mundo, mas não faz parte da cultura indiana“, disse o ministro do Turismo no ano passado. O país tem sido alvo de duras críticas por não dar resposta aos repetidos casos de violação de mulheres, chegando a colocar as culpas nas próprias vítimas por não se cobrirem ou por andarem na rua à noite.

Os casos mais recentes na Índia têm merecido comentários dos principais líderes políticos do país. “O número de crimes contra as mulheres depende de quão vestidas elas estão e de quão regularmente visitam os templos”, defendeu Babulal Gaur, um importante líder do BJP (o maior partido político da Índia), que afirmou ainda que a “violação é um crime que depende do homem e da mulher. Às vezes é correto e outras vezes é errado“. Om Prakash Chautala, o líder do INLD (outro partido político indiano), defendeu no ano passado que “o casamento infantil é uma solução para a violação e outras atrocidades contra as mulheres”.

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