A hipótese do PSD apoiar Assunção Cristas em Lisboa está a ganhar força no aparelho social-democrata na capital. Agora é um dirigente do PSD/Lisboa — a concelhia que chegou a ser irredutível contra um apoio à líder do CDS — a defender que este é “o caminho mais provável e eficaz” para desalojar Fernando Medina nas próximas autárquicas. Num artigo de opinião publicado no Observador, Luís Newton, que é também presidente da junta de freguesia da Estrela, lembra o exemplo vencedor de Krus Abecassis e nega que o PSD/Lisboa esteja em bloco “contra a ideia de uma coligação de centro-direita”. Este dirigente com influência no Núcleo Ocidental de Lisboa defende que o PSD deve “unir forças” com o partido que tem estado com os sociais-democratas “nas batalhar mais recentes”.
Um dirigente distrital contactado pelo Observador regista a “abertura cada vez maior da concelhia em admitir que um candidato independente ou de outro partido possa ser apoiado pelo PSD.” No entender da mesma fonte, a declaração de Newton é “mais um sinal que a concelhia tem os horizontes mais abertos, tal como foi a moção aprovada pela concelhia há uma semana.”
A concelhia de Lisboa reuniu na noite de 4 janeiro e aprovou uma moção onde estabelece que “após a decisão de não candidatura de Pedro Santana Lopes, urge agora avaliar todos os cenários e uma tomada de decisão rápida que permita ir de encontro aos anseios dos lisboetas”. No mesmo comunicado, o PSD/Lisboa decidiu “mandatar o seu presidente para continuar a desenvolver os esforços junto do presidente do partido para encontrar uma solução que vise este grande objetivo que é o de apresentar uma candidatura que granjeie um apoio maioritário dos lisboetas nas eleições autárquicas de 2017”.
O presidente da concelhia, Mauro Xavier, quando contactado pelo Observador, remeteu para a moção aprovada a 4 de janeiro. O problema é que o próprio texto da moção diz que a estratégia da concelhia era o apoio a Santana Lopes (que caiu) e que o projeto “não envolve coligações pré-eleitorais mantendo a coerência das promessas eleitorais, que nos elegeu enquanto concelhia”. Não esclarece, no entanto, se abdica dessa parte do projeto em nome de um interesse maior (leia-se: tirar câmara ao PS).
Se Luís Newton defende Cristas e Mauro Xavier remete para o comunicado, há mais sensibilidades. Rodrigo Gonçalves, vice-presidente do PSD/Lisboa defendeu e fez pressão para que fosse o presidente do partido, Pedro Passos Coelho, a avançar para autarquia da capital. No PSD/Lisboa existem três núcleos: o Ocidental, controlado pela fação de Newton, presidente da junta de freguesia da Estrela; o Central, liderado pela fação da família Gonçalves, que tem a junta das Avenidas Novas; e o Oriental, presidido por Paulo Quadrado.
O presidente do núcleo Oriental diz ao Observador que nada tem “contra uma uma coligação se não houver uma solução dentro do partido ou um independente”. Paulo Quadrado afirma: “Não me choca a coligação”, embora acrescente que esta “seria a terceira escolha”, depois de um militante ou de um nome da sociedade civil. Já fonte do CDS, diz que “neste momento não há conversas com o PSD. Será tratado a nível nacional e distrital.”
A líder do CDS, Assunção Cristas, voltou a admitir, há uma semana, em entrevista ao Observador, que gostaria de contar com o apoio do PSD. “Se o PSD entender juntar-se ao nosso projeto para, juntos, afastarmos Fernando Medina, ficaria muito satisfeita.” Disse ainda que o PSD “estava à espera de Pedro Santana Lopes”, mas os “tempos mudam” .
A líder centrista diz que não compete ao CDS “pressionar um aliado” e que há conversas com o PSD dentro do respeito dos tempos de cada partido.” Sobre se falava do assunto com Passos, foi evasiva: “Cruzamo-nos muitas vezes no Parlamento.”