Assunção Cristas está “a meio da corrida” a Lisboa e, por isso, faz uma curta paragem para balanço. Num encontro com os jornalistas num popular café da freguesia de São Domingos de Benfica, a candidata do CDS à câmara de Lisboa explica o que tem feito nos últimos seis meses de campanha eleitoral, onde se tem dedicado a “ouvir Lisboa”. E acusa o atual presidente da câmara, Fernando Medina, de estar a fazer uma campanha encapotada à custa do dinheiro dos lisboetas.

Sobre a candidata do PSD, Teresa Leal Coelho, deixa apenas uma alfinetada em tom de provocação: “Tem obrigação de conhecer melhor os detalhes dos dossiês, já que foi vereadora este tempo todo”. Já o programa eleitoral do CDS não chegará antes do final de junho, admitiu.

Empenhada em não centrar a discussão na dualidade PSD-CDS – tema muito apetecível já que as duas candidaturas são lideradas por mulheres e já que é a primeira vez desde há vários anos que o CDS concorre sozinho à capital -, Assunção Cristas evita admitir que tem vantagem sobre Teresa Leal Coelho por já estar no terreno há seis meses. Prefere antes apontar o dedo ao socialista Fernando Medina e à campanha de “botox nas praças” que anda a fazer, mas ainda assim não deixa de passar um recado à recém-anunciada candidata social-democrata.

“A dra. Teresa Leal Coelho foi vereadora este tempo todo, portanto certamente tem a possibilidade de ter um conhecimento mais intenso de uma série de dossiês do que eu própria. De forma direta, ela tem possibilidade de ter um maior conhecimento dos detalhes dos dossiês, coisa que eu não tenho porque tive durante os últimos anos outras ocupações e outras funções“, disse, depois de já ter tecido largos elogios ao atual vereador do CDS na câmara de Lisboa, João Gonçalves Pereira, que, na opinião da presidente do CDS, “fez mais sozinho nestes quatro anos do que toda a oposição junta”. Quando foi anunciada a candidatura da vice-presidente do PSD a Lisboa, o Observador noticiou que Teresa Leal Coelho falhou, como vereadora, dois terços das reuniões de câmara desde setembro, tendo-se feito substituir em 91 de 153 reuniões.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Em todo o caso, Cristas faz questão de sublinhar que o alvo é o socialista Fernando Medina e, por isso, desafia-o a dizer “de uma vez por todas” que é candidato. “Não há ainda candidato, mas há muita propaganda”, diz Assunção Cristas, lado a lado com o vereador João Gonçalves Pereira, que acrescenta que “ainda esta noite foi colocado um outdoor nesta praça, em Benfica, para promover uma obra, mas com o dinheiro de todos nós [lisboetas]”. Ou seja, é preciso que Medina dispa “as vestes” de presidente de câmara e vista as de candidato.

Meta é a de Paulo Portas, mas ambição é “máxima”

Afirma que quer ser presidente da câmara, e que Lisboa precisa de facto de uma presidente de câmara e não de um “mestre de cerimónias” que se limita, de forma superficial, a “organizar festas”, mas Assunção Cristas é cautelosa nas metas. Lembra que o máximo que o CDS conseguiu a concorrer sozinho à autarquia da capital foi 7%, com Paulo Portas (em 2001), tendo também conseguido cerca de 5,9% com Maria José Nogueira Pinto (2005). “O enquadramento e a nossa base de trabalho é esse, mas a nossa ambição é máxima”, diz aos jornalistas, ao mesmo tempo que anuncia o primeiro candidato do CDS a uma junta de freguesia lisboeta: Nuno Brito, a São Domingos de Benfica.

Mas Cristas está ciente dos obstáculos e das dificuldades — basta ver que atualmente o CDS não encabeça nenhuma junta –, mas a presidente deixa claro que “qualquer que seja o resultado vai ser reconhecido com toda a humildade democrática”. Questionada sobre se, em caso de vitória de Medina, vai responsabilizar o PSD pelo falhanço de uma coligação à direita, Cristas limita-se a dizer que “o resultado que tivermos vai ser sempre uma vitória, mesmo que seja difícil ganhar”.

Promessas não há muitas para já, e o programa eleitoral do CDS não será conhecido antes do final de junho. Isto porque até lá é tempo de “ouvir” as pessoas e de continuar o ciclo de conferências temáticas que têm sido organizadas pela candidatura, e em particular pelo mandatário, o ex-presidente da câmara (eleito pelo PSD) Carmona Rodrigues.

Em jeito de balanço, Cristas vai aos números: 108 visitas a bairros e freguesias da cidade, sete conferências enquadradas no ciclo de conferências “Ouvir Lisboa”, sendo que está prevista pelo menos mais uma até junho, 24 freguesias visitadas e algumas promessas pelo caminho: mil casas para arrendamento da classe média no terreno da antiga feira popular (a construir no espaço de um mandato e com um valor de arrendamento 30% abaixo do valor de mercado), creches para todas as crianças e o fim da taxa da proteção civil.