O PS vai avançar com um candidato próprio à Câmara Municipal do Porto. E esse candidato é Manuel Pizarro, anunciou Tiago Barbosa Ribeiro, líder da concelhia do PS no Porto, depois de uma reunião que se realizou esta manhã. A escolha foi unânime.

Pizarro, que foi um dos homem de confiança do atual presidente nos últimos quatros anos, já se pronunciou sobre a sua candidatura, salvaguardando que os socialistas foram sempre “leiais e escrupulosamente cumpridores” do acordo feito com Rui Moreira.

Garantido ter muito orgulho no trabalho feito na autarquia, Manuel Pizarro reiterou que avaliação positiva do mandato de Rui Moreira não vai mudar, mesmo depois do autarca ter decidido prescindir do apoio do PS após declarações de Ana Catarina Mendes ao Observador. Agora, cada um tem de seguir o seu caminho, sugeriu o líder do PS/Porto, em declarações aos jornalistas no final da reunião do aparelho local socialista.

É evidente que estes acontecimentos impõem uma atitude por parte do Partido Socialista. Diria que é mais proveitoso, como na vida, mantermos uma boa amizade do que um casamento onde uma das partes não se quer manter no casamento”, afirmou o socialista.

Pizarro, que já tinha concorrido contra Moreira em 2013, considera legítima a posição assumida pelo presidente da autarquia, tal como é legítima a posição do PS, mas realça que aceitou o convite dos socialistas com orgulho. E como vai fazer oposição à gestão camarária da qual fez parte?

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“Vamos fazer uma campanha valorizando o Porto. Os cidadãos do Porto sabem que para mim e para nós, os portuenses estão mesmo à frente. Vamos continuar a trabalhador a favor do Porto. Perante a insistência dos jornalistas sobre como irá fazer campanha contra Moreira, Pizarro responde: “Não há nenhum drama nessa matéria”, acrescentando que a questão será discutida na próxima semana. Por responder ficaram ainda perguntas sobre um eventual acordo pós-eleitoral com Rui Moreira e sobre se continuará durante a campanha a desempenhar as funções de vereador, onde tem os pelouros da habitação e ação social.

A decisão de avançar com um candidato próprio foi tomada durante a reunião desta sexta-feira à noite do aparelho socialista no Porto, apurou o Observador. Segundo uma fonte do PS/Porto, a decisão de Rui Moreira foi altamente “desleal” e representou um gesto de “rutura” que não deixou margem para conversações. Da reunião da concelhia do partido terá saído também a escolha do candidato socialista.

De acordo com o Jornal Público, a opção de avançar com um candidato próprio contra Moreira foi imposta por António Costa, secretário-geral. António Costa, primeiro-ministro, recusou já esta manhã comentar o tema das eleições para o Porto. Em Lisboa está reunida a convenção autárquica do PS.

A decisão de Rui Moreira de prescindir do apoio do PS está a ser entendida entre os dirigentes socialistas portuenses como um “pretexto” para justificar uma cisão que o autarca portuense estava há muito a preparar — de modo a não ir para a campanha com um partido atrás de si.

Esta quinta-feira, em entrevista à SIC, Rui Moreira afirmou que iria convidar Pizarro — para as suas listas — mas não para ser número dois e não por ser do PS: “Tem sido de uma enorme lealdade e competência e é minha intenção convidá-lo de novo para a vereação. Mas não é por ser dirigente ou militante socialista, não é por ser socialista. Espero continuar a contar com ele na minha lista, mas apenas pela sua competência”. Quando questionado se o vereador socialista ficava como independente ou ligado ao partido, o presidente da câmara não rejeitou liminarmente o apoio do PS com o qual afinal não vai contar nesta campanha. Rui Moreira vai voltar a concorrer como candidato independente e conta com o apoio do CDS.

Rui Moreira convida Pizarro e o PS apoia se quiser

Rui Moreira decidiu prescindir do apoio do PS, depois de Ana Catarina Mendes, secretária-geral adjunta do PS, ter afirmado ao Observador que uma vitória de Rui Moreira seria contabilizada como uma vitória do PS, uma frase que causou muito mal-estar entre os apoiantes de Rui Moreira. A alegada insistência socialista em colocar nomes nas listas da candidatura do atual presidente também contribuiu para o divórcio.

Rui Moreira prescinde do apoio do PS. Socialistas surpreendidos com a decisão