Uma autópsia, realizada esta quinta-feira, confirmou que Chris Cornell cometeu suicídio no seu quarto de hotel, em Detroit. De acordo com um comunicado emitido pelo Gabinete do Médico Legista de Wayne County, no Michigan (estado a que pertence a cidade de Detroid), citado pela CNN, o vocalista ter-se-á enforcado depois de um concerto dos Soundgarden. O comunicado diz ainda que o relatório do exame ainda não foi concluído.

Ao final da manhã, notícias avançadas por vários órgãos de comunicação norte-americanos já davam conta da possibilidade de o músico de 52 anos ter sido responsável pela sua própria morte. Citado pela BBC e pela revista de música Billboard, um porta-voz da polícia de Detroit confirmou que as autoridades receberam um um telefonema de alerta durante a noite. “Ele foi encontrado no chão da casa de banho. A nossa unidade médica foi chamada e ele foi declarado morto no local”, disse.

“Estamos a investigar um possível suicídio, mas precisamos de esperar que os exames médicos determinem a causa da morte”, acrescentou o porta-voz à revista Billboard.

Chris Cornell morreu durante a noite de quarta-feira depois de um concerto no Fox Theatre, em Detroit. A notícia foi avançada pelo seu agente, Brian Bumbery, que explicou que o falecimento do cantor “foi repentino e inesperado”. A família de Cornell — um dos nomes mais importantes da cena grunge de Seattle — pediu respeito e privacidade, garantindo que ia colaborar com as autoridades de medicina legal para apurar a causa da morte.

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As imagens do concerto no Fox Theatre Detroit, partilhadas na conta de Twitter da sala de espetáculos, são as últimas de Chris Cornell. A digressão norte-americana dos Soundgarden tinha mais seis concertos agendados até ao dia 27 de maio, data em que tocariam no festival Rocklahoma, em Ocklahoma.

Uma das vozes mais influentes da geração de 90

Pouco depois das declarações do agente, começaram a surgir as primeiras reações nas redes sociais. O guitarrista Dave Navarro, dos Jane’s Addiction, escreveu que estava “chocado” por saber da morte do cantor. “É uma perda terrível”, disse.

Stig Abell, editor do suplemento literário do The Times, descreveu a voz de Cornell como parte da sua juventude. O guitarrista dos Alter Bridge, Mark Tremonti, escreveu: “Para mim enquanto compositor, Chris era o cantor mais influente. Vi-o ao vivo há uns dias. Estou completamente devastado”.

Dos Soundgarden aos Audioslave

Chris Cornell iniciou a sua carreira musical nos anos 80, altura em que formou em Seattle a banda de rock Soundgarden. O grupo, ligado à cena grunge, separou-se em 1997, dois anos após terem ganho dois Grammy. A banda fez parte do movimento grunge, surgindo ao lado de nomes como Nirvana.

No início da década de 1990, Cornell juntou-se a Eddie Vedder e a outros músicos que mais tarde viriam a formar os Pearl Jam e criou o projeto Temple of the Dog, uma homenagem a Andrew Wood, vocalista dos Mother Love Bone, que morreu vítima de uma overdose de heroína.

Em 2001, formou com Tom Morello, Tim Commerford e Brad Wilk, dos Rage Against the Machine, os Audioslave. A existiu entre 2001 e 2007, mas voltaram a juntar-se em 2017 para novos concertos. Pelo caminho, Cornell lançou cinco álbuns a solo e gravou um tema para o filme de James Bond, Casino Royale, em 2006, com o compositor David Arnold.

Os Soundgarden voltaram a juntar-se em 2010. A banda vendeu mais de dez milhões de álbuns só nos Estados Unidos e somam no seu repertório mais de nove nomeações para os Grammy. Lançaram o último álbum em 2012 e estavam a preparar um novo trabalho.

O músico atuou em Portugal quatro vezes. A primeira foi em 1992, com os Soundgarden, no antigo Estádio José Alvalade. Com os Audioslave, tocou nas edições de 2003 e de 2005 do Super Bock Super Rock. A última vez que tocou em Portugal foi a solo, na edição de 2009 do Optimus Alive.

Artigo atualizado pela última vez às 19h20 com a notícia do suicídio de Chris Cornell