Cerca de uma centena de táxis concentrados na rotunda do Castelo do Queijo fizeram uma marcha lenta pelo centro do Porto. O protesto foi convocado pela nova Comissão dos Profissionais de Táxi do Porto (CPTP) para esta sexta-feira, contra “os ilegais” Uber e Cabify.
O protesto estava marcado para as 18h e, pelas 18h25, os motoristas começaram a pedir à CPTP que se iniciasse a marcha. Os carros subiram a Avenida da Boavista, depois viraram pelo Largo do Priorado, passaram na Praça da República, desceram a Trindade e deram uma volta pela Avenida dos Aliados. “Vamos ver a resposta que vamos ter. Esperemos que o presidente da Câmara tenha hombridade, ou alguém, de vir falar connosco“, diz ao Observador Carlos Alves, da organização.
O trajeto até à Avenida dos Aliados durou cerca de uma hora e meia e foi acompanhado por cerca de 20 agentes de trânsito, mais duas dezenas responsáveis pela ordem civil. Durante o trajeto, os taxistas, que gritavam “ilegais para a rua”, notaram as viaturas Uber em serviço e uma mulher resolveu mesmo entrar em confronto verbal com os protestantes, que responderam. Mas a discussão foi breve e o protesto decorreu sem incidentes. Carlos Alves só lamenta que a polícia “tenha partido” a manifestação. “Se não têm agentes suficientes, nós não temos culpa. Não nos tentem enganar”, desabafa.
Chegados à Avenida dos Aliados, os profissionais do setor pararam em frente à sede de campanha de Rui Moreira. “Venha cá fora falar connosco se tem coragem” e “A luta continua, Rui Moreira para a rua” passaram a ser os gritos de ordem do grupo, quase totalmente formado por homens, e que consideram que as autarquias também têm responsabilidade.
Na origem do protesto está a Lei 35/2016 – lei contra o transporte ilegal de passageiros. Desde então, viaturas ao serviço das plataformas eletrónicas como Cabify ou Uber estão a ser multadas por exercerem os serviços de transporte sem alvará. As coimas vão desde os 2.000 euros ais 4.500 euros no caso de pessoa singular, e entre 5.000 euros e 15.000 euros no caso de pessoa coletiva.
A organização é de uma comissão criada “há cerca de dois meses” por três taxistas do Porto: Pedro Vila, João Paulo Araújo e Carlos Alves. Ainda não tem direção nem estatutos criados, mas os motoristas sentiram a necessidade de criar a CPTP porque a profissão “precisa de ser defendida” e porque “o serviço tem decrescido devido a esses ilegais”, diz ao Observador Carlos Alves.
“Se vierem 100 carros já fico satisfeito”, afirma. E são cerca de 100 as viaturas na marcha lenta. As queixas de todas são as mesmas: a concorrência desleal por parte de viaturas ao serviço de plataformas eletrónicas. “A lei é para ser cumprida, que apliquem as coimas!”, diz Carlos Alves, que também pede que as autoridades bloqueiem “as aplicações que estão a fazer serviço de táxi ilegalmente”.
Ao contrário de manifestações passadas, desta vez nem a Federação Portuguesa do Táxi (FPT), nem a ANTRAL, estão envolvidas. Contactado pelo Observador, o presidente da ANTRAL, Florêncio Almeida, mostra-se solidário por qualquer movimento que vise “repor a justiça”, mas sublinha que a Associação não está envolvida no protesto. “Não participamos nestes movimentos que não sabemos quem organiza nem por que motivos“. Florêncio Almeida afirma ainda que soube do protesto “pela imprensa” e que não foi contactado pela CPTP.
Carlos Lima, vice-presidente da FPT, está presente no protesto. Mas a título pessoal e não em representação da associação presidida por Carlos Ramos. “Estive presente em algumas reuniões da Comissão, concordamos que se deve fazer alguma coisa, ajudámos dentro do possível mas é algo criado por eles e não por nós”, esclarece.
“Mandámos cartas a todas as forças políticas. A CDU foi a única que nos recebeu”, explica Carlos Alves. Ilda Figueiredo é também a única candidata à Câmara Municipal do Porto que veio mostrar “solidariedade” para com o protesto. “Para estarem aqui têm de obedecer a uma série de requisitos que a lei estabeleceu.”