Um fundo das Nações Unidas para ajudar vítimas de abuso e exploração sexual por parte das forças da paz e das equipas da ONU atingiu 1,5 milhões de dólares, depois de mais de 10 países terem contribuído.
O novo valor foi anunciado na quarta-feira, em Nova Iorque, pelo Departamento de Apoio no Terreno da ONU, uma semana depois de ter sido feita uma sessão especial, à margem da Assembleia-Geral, para discutir a violência sexual por parte dos funcionários da ONU e das forças da paz em missões por todo o mundo.
“Minúsculo” é a palavra que os críticos atribuem ao fundo, argumentando que fornecerá apenas serviços de apoio gerais em vez de pagar às vítimas de forma individual.
As novas contribuições para o fundo serão usadas inicialmente para impulsionar serviços para as vítimas da República Democrática do Congo (RDC) e, posteriormente, são esperados projetos em países com um elevado número de alegações dessa natureza como o caso da República Centro-Africana, do Haiti e ainda da Libéria.
Os pagamentos individuais são raros em casos como estes e levam anos a ser pagos, mesmo quando as mulheres conseguem confirmar a paternidade.
Vamos ser claros, este fundo não é o que parece. Ele não dá dinheiro a vítimas individuais. Em vez disso, é um pequeno pote de dinheiro que vai ser distribuído pelas Nações Unidas para financiar organizações que fornecem serviços gerais a uma pequena parte da comunidade afetada”, disse a codiretora da organização ‘AIDS-Free World’, que tem investigado estas alegações através da ‘Code Blue Campaign’.
Segundo uma investigação da agência Associated Press (AP), mais de 700 das cerca de 2 mil acusações de má conduta sexual desde 2004 tiveram lugar na RDCongo, o país africano onde está a maior missão de paz da ONU.
A mesma investigação revelou que as Nações Unidas não conseguiram cumprir com muitas das suas promessas para ajudar as vítimas, muitas vezes devido à burocracia.
Alguns casos desapareceram e outros foram transferidos para os países de origem das forças da paz, onde muitas vezes nada era feito.
Entre os 10 países anunciados esta quinta-feira como contribuidores para o fundo estão o Sri Lanka, o Bangladesh, a Nigéria e ainda o Paquistão, cujas forças da paz enfrentam acusações desta natureza.