Em 2011, o Japão foi devastado por uma tripla catástrofe. A 11 de Março, o terramoto mais forte alguma vez registado da história do Japão deu origem a um tsunami que varreu várias cidades e levou à catástrofe nuclear de Fukushima. Passados seis anos, um estudo publicado na revista Science revela que esse tsunami levou um milhão de criaturas marinhas de quase 300 diferentes espécies até à costa oeste dos Estados Unidos da América.

Os autores do estudo dizem que esta é a migração marinha mais longa de que há registo: os seres vivos percorreram quase 7800 quilómetros até o outro lado do oceano Pacífico. Como? A bordo de uma “frota” de detritos gerados pelo tsunami. As espécies alojaram-se e reproduziram-se maioritariamente em detritos não biodegradáveis e com propriedades flutuantes, como é o caso dos plásticos e das fibras de vidro, e foram arrastadas para as costas de estados como Washington, Califórnia, Alaska e Havai.

Esta é apenas uma das muitas espécies que deram à costa americana vindas do Japão: a Seriola quinqueradiata

Segundo o estudo, dois terços das espécies nunca tinham sido vistas em costa americana. Desde junho de 2012 que espécies estão a aparecer na costa oeste dos EUA. Aquando da conclusão do estudo, no início deste ano, a equipa de investigadores ainda estava a descobrir seres como crustáceos e lesmas do mar alojados em destroços levados pelo tsunami.

A situação, contudo, pode vir a causar problemas para a fauna natural da costa oeste americana. Peritos dizem que ainda é cedo para perceber se estas espécies se estão a colonizar ao longo da costa, ameaçando as nativas.

A quantidade de destroços de tsunami é também um lembrete do perigo dos plásticos para o ecossistema marinho, não só a nível climático e de poluição, mas também de propagação de espécies marinhas para sítios indevidos.

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