As duas mulheres que estiveram perdidas em alto mar durante cinco meses tinham um dispositivo de emergência que não foi utilizado.

A informação foi avançada, esta segunda-feira, pela guarda costeira norte-americana. De acordo com o tenente Scott Carr, em declarações à Associated Press, Tasha Fuiava e Jennifer Appel tinham a bordo um Epirb (em inglês, Emergency position-indicating rádio beacons), um aparelho usado em situações de emergência com ligação a satélites e que transmite a localização, mas que nunca foi utilizado.

Duas mulheres e seus cães salvas após cinco meses perdidas no mar

“Perguntámos por que motivo durante este tempo não ativaram o Epirb. Ela [Tasha Fuiava] disse que nunca se sentiram verdadeiramente em perigo, como se fossem morrer nas próximas 24 horas”, acrescentou a porta-voz da guarda costeira Tara Molle.

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Uma explicação que contrasta com aquilo que foi dito por Jennifer Appel, depois de serem salvas. “Se eles não nos tivessem localizado, teríamos morrido em 24 horas”, afirmou a havaiana, citada pelo Chicago Tribune.

“Se o aparelho estava a funcionar e se estivesse ligado, o sinal de que estavam em apuros teria sido recebido muito rapidamente”, garante Phillip R. Johnson, um oficial reformado da guarda costeira e que foi responsável pelas operações de busca e resgate, acrescentando que estes dispositivos raramente têm avarias.

Quando foram resgatadas, as mulheres explicaram que tinham diversos dispositivos de comunicação e que todos falharam, mas não referiram o Epirb, que se ativa manualmente ou quando é submergido. Johnson contesta esta afirmação: “Há algo de errado aqui. Nunca ouvi falar de uma situação em que tudo isto deixou de funcionar ao mesmo tempo.”

E não é a única inconsistência na história destas mulheres. O tenente Carr referiu ainda que a guarda costeira contactou uma embarcação que se identificou como sendo Sea Nymph — o nome da embarcação onde as mulheres foram encontradas — em junho, perto de Tahiti, e foi dito que não estava em perigo e que contavam chegar a terra no dia seguinte. Segundo o relato das havaianas, nessa altura já estariam sem motores e com o mastro danificado.

As mulheres contaram ainda que passaram por uma tempestade, logo no primeiro dia da viagem (3 de maio) e que durou três dias. Os meteorologistas de Honolulu, contudo, disseram que não foi registada nenhuma tempestade nem mau tempo naquela altura. Informação confirmada por imagens de satélite da NASA, lê-se no Telegraph.