O bastonário da Ordem dos Médicos duvida da fiabilidade dos dados publicados sobre os tempos de espera nas urgências e apela ao Ministério da Saúde para divulgar o tempo real de espera, ajudando os cidadãos a tomar decisões.
Miguel Guimarães confirma que a situação nas urgências hospitalares se agravou nos últimos dias, com maior número de doentes a recorrer à generalidade das unidades do país.
Em declarações à agência Lusa, o bastonário considera que o portal do Serviço Nacional de Saúde (SNS) devia ter uma listagem de todos os centros de saúde abertos e dos seus horários de funcionamento nesta época, bem como informação sobre “o tempo real de espera” nas urgências dos hospitais.
“O Ministério da Saúde e a Direção-geral da Saúde deviam ter começado há muito tempo uma campanha de habituação relativamente ao recurso aos cuidados de saúde primários. Não o tendo feito, esta informação era importante para as pessoas tomarem decisões”, comentou.
Miguel Guimarães refere que “o tempo [de espera] que está a ser divulgado não é muitas vezes coincidente com o que está a acontecer”.
“Não sei se o sistema não é devidamente atualizado ou se existe deficiência na transmissão dos dados. Mas tenho dúvidas sobre a fiabilidade dos dados. Tenho informações concretas de pessoas que estão nas urgências que contrariam os dados do portal do SNS”, contou.
Para o bastonário, o importante não é tanto perceber a razão desta falha, mas transmitir à população os dados corretos da espera nas urgências, para poder ajudar o cidadão a tomar decisões.
A par disso, o representante dos médicos afirma que seria útil ter compilados na internet os centros de saúde com os respetivos horários alargados, bem como difundir essa informação na imprensa.
O bastonário julga mesmo que esta divulgação pode ser mais eficaz e útil do que insistir para que os utentes liguem antecipadamente para o centro de contacto Saúde 24, serviço que considera “nem sempre ter a eficácia que seria desejada”.
Miguel Guimarães estima que nos próximos dias a situação do acesso às urgências vá agravar-se e recorda que o aumento de doentes idosos traz maior pressão aos serviços, nomeadamente porque cresce o número de pessoas que precisa de internamento e, logo, aumenta a necessidade de camas.